Tal como o referendo que, contrariado
brutalmente pelas forças policiais de Rajoy, não decorreu em condições de
regularidade aceitável para que seja suficientemente credível, também à
manifestação pró-Espanha de ontem, com gente a vir de todo o lado, decerto até
de Madrid, me não parece que possa ser dado qualquer crédito como manifestação
de vontade dos Catalães.
Depois, não tenho dúvidas, o dinheiro ainda
tem mais força do que as convicções e, tal como os ratos quando pressentem o
afundamento do navio, foge!
E assim a economia catalã independente fica desfeita e a sua liberdade condicionada, à conta de uma Europa que em vez de ser cordatamente interventiva para que a questão tivesse uma solução política, preferiu lavar as mãos como o Pilatos, deixando que os “meninos desavindos” se esfolem quanto puderem.
E assim a economia catalã independente fica desfeita e a sua liberdade condicionada, à conta de uma Europa que em vez de ser cordatamente interventiva para que a questão tivesse uma solução política, preferiu lavar as mãos como o Pilatos, deixando que os “meninos desavindos” se esfolem quanto puderem.
Mas haverá, ainda, política? Tudo muda e só a
ela se mantém estática sem se adaptar à realidade?
Bancos e empresas foram fazendo a debandada
que poderá pô-los a salvo das trapalhadas que podem seguir-se.
Apenas duas verdades ressaltam de tudo isto, a
de que existe, e desde há muito, um forte e genuíno sentimento independentista
na Catalunha e, em Madrid, um centralismo feroz de que uma Constituição
ardilosa se torna garante, Rajoy se tornou polícia e Filipe VI o rosto que destapou
no discurso, bem filipino, que fez.
Não sei como será daqui para a frente. Mas
até aqui, os catalães, apesar de corajosos, não terão sido muito hábeis a defender a sua vontade e
pouco mais terão conseguido do que acicatar ânimos que poderão manifestar-se em
outras tentativas, porque esta já deve ter morrido, apesar de eu estar convencido de ter saído reforçada a causa que tentaram fazer triunfar.
A hipocrisia política uma vez mais foi
evidente nas múltiplas declarações que mundo fora foram sendo feitas, não por
convicção, mas por interesse, não vá o raio cair-lhes em casa!
Apesar de tudo, continuo a pensar que, para
bem da convivência pacífica, muita coisa deve ser mudada nesta política que
cheira a bafio e que, mais uma vez se viu, não resolve problemas ou tenta
resolvê-los pela força!
A verdade é que o problema catalão não ficou
resolvido. Antes terá ficado bem mais complicado porque o bem senso não foi o
que imperou em tanto disparate que foi feito.
Não me admiraria que, dentro de algum tempo,
outras “catalunhas” apareçam, a menos que às fronteiras se dê novo significado.
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