Os catalães, com a sua História e cultura
sequestradas há tantos séculos, mostraram claramente ao mundo o seu desejo de serem
reconhecidos como uma nação, como um povo independente.
É o natural desejo de ser livre, daquele a
quem a liberdade foi roubada.
Quiseram, através de um referendo que o
governo central espanhol procurou impedir por todos os meios, incluindo a
violência, mostrar ao mundo que, em maioria o desejavam.
Apesar da violência, em muitos casos
desmedida dos homens enviados por Madrid, por ordem do galego Rajoy, foi muito
numerosa a afluência às urnas, a insistência em votar, mesmo perante forças
determinadas a usar a força, fosse em que medida fosse.
Agarrar alguém pelos cabelos para a retirar
da fila de voto e mandar pela escada abaixo, é uma violência brutal,
certamente.
Obviamente, não foi possível um referendo
controlado como deveria ter sido, mas pareceu-me bastante para poder pensar que
num referendo normal o SIM deveria sair vencedor.
Há quem o descredibilize dizendo que era possível
votar mais do que uma vez e contraponha a manifestação pró-Espanha que se lhe
seguiu como prova de que os catalães não querem a independência, sem pensar que,
no entanto, mesmo menos numerosa do que as dos independentistas, esta manifestação teve castelhanos
disfarçados de catalães, à mistura.
Diz o prestigiado jornal La Vanguardia, a
propósito da possível declaração unilateral de independência que “A
INDEPENDÊNCIA É UM PROJECTO POLÍTICO LEGÍTIMO COMO QUALQUER OUTRO, NO ENTANTO
PERDE A SUA LEGITIMIDADE QUANDO SE TENTA IMPOR ACIMA DO PROCESSO LEGAL”.
Eu concordo em absoluto porque já não estamos
naqueles tempos em que era pela força que se submetiam povos, como Castela fez
com a Catalunha, ou se libertam como Portugal o fez em relação à mesma Castela e,
agora, a Catalunha o deseja, mas de um modo pacífico, como se deduz da
disponibilidade de Puigdemont para negociar com Madrid!
Um referendo não se sobrepõe à lei, o que já
não se poderá dizer da força bruta com que o governo de Madrid o impediu ou
tentou impedir.
A demonstração da vontade está feita. As
conversações impõem-se.
Veremos como se portarão os castelhanos nas
conversações que lhes propõem.
Não creio que possam ser pacíficas com Rajoy
e até deverão ser longe do Rei.
Espero que aconteçam de um modo melhor do nas
atitudes belicosas de Rajoy e muito melhor do que com o Rei que, sendo-o, como
diz, de todos os espanhóis, fez o pior discurso político que já escutei em toda
a minha vida, sublinhando e reforçando as atitudes de Rajoy. Incrível!
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