Acabo de ler uma crónica que, na Visão, Fernando
Esteves escreveu com excessos de sabedoria niilista, aliás a única adequada ao
jornalista que me pareceu ser.
Mas conheço eu Fernando Esteves de algum
lado? Não, de todo, a não ser deste texto que me leva a crer ser daqueles que são
mestres a retirar factos do seu contexto para desenvolver as teorias que, mesmo
assim, resultam falhadas como os raciocínios que faz e as conclusões que
insinua.
Então, o resumo biográfico que apresenta no
final é uma verdadeira obra prima de pretensiosismo disfarçado em falsa
modéstia.
O texto que escreveu não passa de um
exercício de paródia política no qual me não pareceu feliz ( ou escreveu a
sério?), como o não pode ser alguém que, para desacreditar outrem de quem não
gosta, recorre a truques a partir do que outros digam – em biografias, por
exemplo - a conclusões filosóficas perversas e a mentiras óbvias, a deturpações
e a maledicências convenientes que o tempo ainda não fez esquecer como aquela
em que diz que Passos Coelho convidou os portugueses a empobrecer e a emigrar,
ao que Rui Rio – é esta a pessoa que ele pretende desconsiderar no texto – conforme diz, então
não reclamou. A isto creio poder responder-lhe, porque Rui Rio decerto
compreendeu o que Passos Coelho, de facto, disse e não teve qualquer interesse em deturpá-lo.
Já antes, no mesmo texto, havia falado de
circunstâncias em que coloca a culpa onde obviamente não poderia estar
e parece reconhecer virtudes em certos “ismos”, se é que em alguns as haverá,
divagando sobre o ridículo que seria o “riosismo” por contraposição a outros
como o “sá-carneirismo” e o “santanismo”, por exemplo, tão próprios do PSD, se
ele se viesse a implantar.
Também não conheço Rui Rio nem tenho razões
para gostar ou desgostar dele como pessoa ou como político. Por isso, não será
por mim que ele se candidatará ou não a substituir Passos Coelho sem cujo
trabalho de contenção do caminho desastroso que Portugal levava nos tempos de
Sócrates (ou de Santos Silva, sei lá eu…) seria impossível este interlúdio em
que vivemos descuidados e felizes, pelo menos até ver.
A verdade é que o “excel” dá muito jeito para
fazer aquelas contas sem as quais se borra a escrita que à demagogia tanto
jeito dá. O pior vem depois...
A propósito da mini-auto-biografia final,
devo declarar que não li qualquer dos livros que escreveu. Mas pelos títulos, “o
todo poderoso” e o “cercado” que falam de Jorge Coelho e de Sócrates,
respectivamente, é quase como se os tivesse lido já.
Apenas de um pormenor fiquei curioso, do que
pensa da apressada auto-demissão do "todo-poderoso" logo após a queda da ponte de
Entre-os-Rios cujas avriguações de culpas deram em nada quando, de facto, as houve.
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