O Discurso do Rei de Espanha, acusando os
responsáveis catalães de desobediência constitucional e de perturbação da
unidade nacional, fez-me lembrar aquele que seria o de um chefe daqueles
gangues de onde, uma vez entrado, não há como sair senão morto!
De que unidade nacional falaria Filipe, um
nome de má memória para Portugal porque, de Castela, um Filipe também quis
anexar Portugal a essa amálgama de nacionalidades em que apenas não entrou porque
o povo português não quis e lutou bravamente pela liberdade que não quis perder
e pela nacionalidade que não quis trocar por outra.
A Espanha é um Estado, sem dúvida, no qual a
nação catalã, tal como outras, foi integrada contra sua vontade, o que, nestes
tempos tão “compreensivos” para certos tipos de liberdade, parece não existir
modo de a fazer valer quando se trata de uma nação querer ser livre e ter a sua
própria personalidade que lhe foi negada pela força.
Ainda ninguém se apercebeu de que a Espanha é
uma invenção de Castela que subjugou nações vizinhas das quais quis apagar a História
e fazer esquecer a própria língua?
Há quem diga que a ditadura em Espanha acabou
com a morte de Franco, mas a verdade é que ela se prolonga nestes aspectos das
nacionalidades que continuam a ser reprimidas com a mesma violência com que
foram conquistados territórios e subjugados povos.
Por que se não dispõe a Espanha a dialogar? Por
que razão não deixa o Governo espanhol que sejam os catalães a decidir
livremente o futuro que, em maioria, desejarem?
Por causa do já tão falado artº 155 da sua
Constituição, o tal que parece a porta de uma cela?
A União Europeia condenou a violência como
forma de resolver os problemas, mas acrescentou que deveriam ser resolvidos internamente
de acordo com a Constituição, o que significa não serem resolvidos os problemas
que já duram há séculos, primeiro porque a força o não consentiu e, agora, porque
a tal constituição o não consente! Então o que haverá para resolver?
Eu continuo a pensar que os catalães têm o
direito a escolher e em democracia escolhe-se através de votação cujos
resultados devem ser acatados. Como tiveram os escocesses, como querem ter os
curdos e outros povos que a força bruta desbaratou.
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