ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

SE ESTÁ MAL…

Não era difícil prever que o PS seria o grande beneficiário do ambiente actual resultante de uma situação que criou e, depois, manipulou perante a incapacidade de um governo que não foi capaz de fazer o melhor nem, tampouco, defender as decisões que tomou para remediar a situação de resgate financeiro que herdou. Em consequência, o PS tem a presidência de cerca de 150 das 308 Câmaras do país, mais cerca de 40 do que o PSD que, nas anteriores eleições havia conquistado 139.
Contudo, no que diz respeito a votos contados no total de quantos entraram nas urnas em todo o país, a enorme diferença em liderança de municípios reduz-se a uns poucos cerca de 100.000 votos, um valor da ordem da votação alcançada pelos independentes em 11 municípios.
Foi uma grande vitória do PS em termos de poder autárquico, mas uma magríssima vitória em termos de votação global, com uma diferença escassa demais para o desgaste extraordinário que o Governo inevitavelmente teria de sofrer pelas medidas impopulares a que as circunstâncias o obrigaram.
Mais importante me parece ser realçar a derrota dos políticos que perderam para a abstenção, votos brancos, nulos e independentes, uma manifestação inequívoca da falta de qualidade que têm revelado desde há muito tempo.
A situação criada em nada vai melhorar a degradação da confiança dos mercados de cujos empréstimos temos absoluta necessidade para sobrevivência da nossa frágil economia, mas pelos quais pagamos juros cada vez mais elevados. Pelo contrário, natural será que se degrade ainda mais, o que nos criará problemas muito sérios que se prolongarão por muitos anos, gerações até.
Perante isto, não vejo qualquer utilidade em manter esta situação de degradação política com um governo politicamente tão fraco como o seu primeiro-ministro, com o PSD totalmente destruído por guerrilhas internas, o CDS desacreditado pela irresponsabilidade do seu líder, o PS sem a personalidade que as suas profundas divisões ideológicas não consentem, com o BE a transformar-se em peso pluma e o PCP a manter-se como aquela força política marginal que a História totalmente desmistificou.
Decerto nada pior poderá acontecer a Portugal se um Parlamento sem qualidade for dissolvido e convocadas eleições porque, tal como, no Brasil, disse o “palhaço/político” Tiririca, “se está mal… pior não fica”.
Se é inevitável sofrer as consequências tenebrosas da situação que criámos… que seja já, pois começa a ser muito difícil evitá-las!

ESTES ESTRANHOS DIAS DE ELEIÇÕES

É um princípio democrático que “o povo tem sempre razão”. Porém, a própria democracia, na sua tão cantada “alternância democrática”, reconhece que o povo sempre se engana! E é isso mesmo que nos dizem estas eleições, as anteriores e as anteriores às anteriores que, num ciclo interminável de faz assim depois assado, jamais permitem o esclarecimento e a estabilidade que nos poderiam levar a encontrar as melhores soluções no mundo real em que vivemos, deixando o mundo de fantasia em que fingimos viver.
Mesmo sendo assim, não sei no que ficamos porque os democratas básicos, aqueles a quem apenas a realidade aparente satisfaz os seus interesses, lá vão sustentando aqueles princípios que, decerto já o entenderam, não conduzem a lado algum que valha a pena. Fá-lo-ão assim enquanto puderem já que, entretanto, algum peixe cairá na rede.
A menos os que usam, quem não se deu já conta de ser usado nestes jogos de alternância que, afinal, sempre acabam por nos fazer mudar de opinião sem nunca nos aliviarem o cinto que vai ficando cada vez mais apertado? Quem não percebeu, ainda, que é nas “promessas não cumpridas” que sempre estão as razões das mudanças que acontecem? Quem não sabe já que foi levado por promessas que nunca se irão cumprir?
E na perda de memória que a crescente raiva por sermos enganados nos provoca, aclamamos uns e outros na esperança de que aconteça o milagre da tal mudança que, afinal, nunca acontece.
E, daqui a um tempo, voltará a suspeita de que entregaremos o poder a quem melhor o possa usar em nosso proveito, sem nos darmos conta de que será aos mesmos a quem, por assim não terem feito, antes o retirámos.
E vamos caindo nas armadilhas que nos montam os que hoje, mesmo na euforia da vitória, têm a consciência de que serão derrotados amanhã, depois de não cumprirem as promessas com que a alcançaram. É um modo de estar na vida, a modos que ao jeito de quem se entrega ao prazer alucinatório de uma qualquer droga, apesar das dores da ressaca que, bem o sabe, vai sofrer depois.
Ontem, foi mais um daqueles dias em que o poder voltou ás mãos do povo entre as oito horas da manhã e as sete horas da tarde. Depois, sem interessar o que cada um de nós tenha decidido e pelo sustentado princípio de que o povo tem sempre razão, o poder volta às mãos de onde, afinal, nunca saiu. As mãos dos políticos que podem, assim, continuar os seus jogos de ora agora mandas tu ora agora mando eu, num ciclo de vícios constantes que nos levam por caminhos cada vez mais difíceis de percorrer.
O que terá de mudar para que, sem perda da inestimável liberdade, a dignidade da política seja recuperada?

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O FUTURO DO HOMEM E OS APRENDIZES DE FEITICEIRO



Mesmo com as eleições autárquicas à porta e os políticos muito preocupados com os resultados que vão alcançar para, a partir deles festejarem as suas vitórias ou engendrarem as explicações do costume para os insucessos que tiverem, achei mais interessante registar aqui outros factos que me preocupam bem mais. E que os preocupariam a eles também se, porventura, por eles se interessassem.

É natural que quem viva numa casa que deixa arruinar pelo uso excessivo que lhe dá e pela falta de cuidados que lhe presta, um dia acorde debaixo dos escombros que a sua ruína acaba por provocar. É a lógica das coisas. É o destino dos que julgam não terem de se preocupar senão consigo próprios, esperando que outros cuidem de tudo o mais de que necessitam para viver. É esta a forma de estar dos políticos cujo pensamento não consegue ir além das “bolsas”, dos “mercados”, da inflacção, do défice ou da dívida, porque a finanças reduzem o todo da vida que, felizmente, é bem mais do que isso.

Habituou-se o Homem a ser senhor deste Planeta que habita, fazendo dele a “quinta” que pode explorar como entender. Esqueceu-se de que, bem ao contrário, não passa de uma entre os muitos milhares de espécies que, como ele, habitam a Terra e dela são, também, utentes de pleno direito, com o serão todos os que depois de nós nascerem.

Será que perdeu o Homem a noção da sua dimensão, mesmo quando os conhecimentos que vai adquirindo lhe mostram, claramente, não passar de um infinitamente pequeno perante a grandeza do todo a que pertence?

O Homem é, sem qualquer dúvida, senhor dessa invenção útil e terrível que é o dinheiro, mas não o é daquilo cujo valor com dinheiro pretende avaliar.

Perdidos, qual Tio Patinhas, no seu cofre dourado cheio de moedas reluzentes, na Waak Street, na Cyty de Londres ou seja onde for, os financeiros não se dão conta de que a casa pode cair e sepulta-lo nos escombros da sua ruina.

Vou limitar-me a transcrever uma parte de um texto hoje publicado no Jornal o Público, sobre o qual todos deveríamos reflectir:

O aquecimento da Terra e as alterações que está a provocar no sistema climático são "inequívocos" e não têm precedentes no espaço de décadas a milénios, segundo um relatório concluído na madrugada desta sexta-feira pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). O relatório confirma que a maior parte do aquecimento global é de responsabilidade humana e que até 2100 o planeta pode aquecer 0,3 a 4,8 graus Celsius.

“A atmosfera e o oceano aqueceram, diminuiu a quantidade de neve e de gelo, o nível do mar subiu e a concentração de gases com efeito de esfufa aumentou”, diz o relatório do IPCC publicado esta sexta-feira. "Isto é o que estamos a fazer [ao clima]", disse o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, na conferência de imprensa de apresentação do relatório.

É agora "extremamente provável" que a Terra esteja aquecer devido à actividade humana o que, na linguagem do IPCC, se traduz em 95% de certeza da atribuição da culpa.”

Diversas vezes escrevi já sobre este assunto da maior importância para todos nós. Nunca me pareceu que tais textos preocupassem muita gente. Pelo contrário, tenho recebido de “ilustres” economistas, agora autênticos aprendizes de feiticeiro que não sabem como dominar o monstro que criaram, respostas que me consideram o ignorante que nem imagina a infinidade de recursos que o Planeta contém.

Mas a continua a crise! A menos que, depois das eleições autárquicas, Seguro, Jerónimo ou outros iluminados quaisquer a resolvam.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

ENTRE O CABO DAS TORMENTAS E O CABO DA BOA ESPERANÇA



Estamos à beira de mais um acto eleitoral que não prima pelo esclarecimento que trouxe. Pelo contrário, foi marcado pela confusão que gerou e pelo descrédito que valeu a Portugal, tanto pela falta de alguma coerência nos discursos do Governo como pelas atitudes da Oposição e de alguns Parceiros Sociais que não transmitiram para o exterior a imagem de um país confiável em termos de continuidade. Em vez disso, mostraram um país que espera a primeira oportunidade para andar para trás, para voltar à farra que o desgraçou.
E, pela campanha eleitoral do PS, é disso que se trata, de um desejo incontido de Seguro para ser Primeiro-Ministro, situação em que, depois, nada fará senão embrulhar-se numa bronca bem maior do que aquela que já temos.
Nem imagino o que vá acontecer nestas eleições em cuja campanha me marcaram os discursos muito certinhos de Passos Coelho depois dos quais é muito difícil ficar confiante, o ar seráfico com que Seguro debita as tonterias do costume, as verborreicas tiradas do PCP e do BE que, como sempre, não farão história.
E não é que, mais do que nunca, Seguro distorce o que seja dito por outros para o transmitir ao jeito que convém ao seu discurso da desgraça? Será que ninguém está atento a este modo de fazer política trampolineira? De facto, quem a não faz?
E quando vejo, nas páginas sociais apelos patéticos para deitar abaixo “este governo de gatunos” eu fico, ainda mais preocupado porque são poucas, quase nenhumas, as iniciativas que um reformado possa ter para fugir do inferno em que Portugal ameaça transformar-se.
Talvez acalme depois das eleições se tivermos algum juízo e as coisas possam correr de um outro jeito.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS - OS QUE FAZEM DA RAIVA A SUA RAZÃO



Nunca a raiva permitiu agir com consciência. Pelo, contrário, tolda a razão e, por isso, não deixa ver as coisas com a clareza e a prudência de que necessitamos para tomar decisões importantes.
Aproximam-se as eleições autárquicas das quais as consequências não serão apenas as do costume, as próprias deste tipo de eleições que Seguro e o PS querem transformar em legislativas. Por isso, enquanto os candidatos locais lá vão fazendo as suas campanhas, anda Seguro numa roda viva, num sacrifício desmedido que aquela carinha de anjo cansado a atormentado não disfarça, debitando os disparates do costume aos quais, infelizmente, os problemas de muita gente dão abrigo.
Não é fácil acreditar no sucesso enquanto a dureza da austeridade não abranda. Por isso, tal como um náufrago, os desesperados cometem o erro do esbracejar violento que, mais rapidamente, os levará ao fundo.
Pelas redes sociais se pode ver como tal sentimento de raiva cresce, ao qual parece ninguém ser capaz de contrapor, com sucesso, as realidades duras que serão as consequências das decisões da raiva que os disparates de seguro alimentam e poderão fazer o país cair no caldeirão de tormentos que mais valera jamais saber qual é.
No momento em que o país necessitaria de se mostrar determinado em mostrar a sua capacidade para se reerguer, não tem quem bem o comande com a energia que faz seguir o trilho da vitória, mas tem quem, apenas por ambição, o puxa para o abismo.
O desastre está a preparar-se. Depois dele, de nada valerá o arrependimento!

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

RECORDAÇÕES - A TERRA A QUEM A TRABALHA…



Acabo de ver uma reportagem sobre o Concelho do Alvito, um dos muitos do interior de Portugal que, a um ritmo acelerado, estão a desertificar.
O que já foi um Concelho com muita actividade económica, com diversas empresas que davam trabalho a muita gente, tem agora duas entidades que o proporcionam que são “lá em baixo a fábrica e ali a Câmara” como diz uma senhora.
Uma escola profissional dá alguma vida à Vila com a juventude que, dos arredores, diariamente vem ali ter as suas aulas.
Ao longo das estradas, extensos campos completamente abandonados fazem parte dos dois terços do território nacional em desertificação, do desperdício criminoso de riqueza a que um país carente de recursos estupidamente se permite!
E foi então que me lembrei daqueles tempos eufóricos da “reforma agrária” tão cantada pelo PCP nos anos 70 do século passado que levou à apropriação de muitas fazendas que foram exploradas sem regra e depois abandonadas. Diziam que assim é que se veria como, cuidada pelos “trabalhadores”, a terra alentejana iria produzir imensa riqueza. Mas depressa se cansaram. Foi pena.
Mesmo assim, em empobrecimento constante, o Alentejo continua a ser a região de Portugal com maior domínio político do PCP.
Ainda ecoa nos meus ouvidos o célebre grito “ a terra a quem a trabalha, os fascistas comam palha”!
Onde está a memória da pobreza que se seguiu e ainda existe?
Somente em versos como estes, então inspirados por ilusões:



Meus campos alentejanos
agora de solidão
são campos por "emprenhar"
nascer o seu filho pão

sou eu papoila vermelha
nascida sem ser semeada
que teimo em ficar aqui
numa terra que é herdada

mas podem ter a certeza
a certeza da razão
vou continuar a nascer gritando revolução
a terra a quem a trabalha
a quem herda é que NÃO.

Ester Cid.
 

ONDE PRETENDE CHEGAR SEGURO? CRIAR MAIS PROBLEMAS AO PAÍS?



Por formação, decerto, porque em questões científicas a mistificação não tem lugar, é-me insuportável ouvir o que, de má fé ou por estupidez que seja, se fala para papalvos que nisso possam acreditar.
Foi com desagrado, mas também com consternação, que vi na TV Seguro representar o papel do consternado pelo que considera ser um falhanço do Governo que, tendo marcado o dia 23 de Setembro deste ano, o regresso aos mercados, afinal não voltou.
Não sei se pagar uma parte significativa da dívida (5 mil milhões de euros) sem necessidade de refinanciamento é ou não voltar aos mercados porque como não economista não me atrevo a dizer que pagar o que se deve assim possa ser considerado.
Mas do que me não restam dúvidas é do mal que Seguro faz à economia portuguesa e aos portugueses com as suas atitudes que, sabemo-lo já, são causa da má impressão que os mercados têm do país e, por isso, nos cobram juros mais elevados.
É uma política de baixa qualidade esta que se faz em Portugal, esta que prejudica o país e coloca os interesses e o futuro de todos nós na dependência dos interesses de um político e de um partido.
Seguro tem direito á sua posição de opositor, mas não tem o direito de, por ela, prejudicar o país.