Acabo de ler mais um
daqueles textos de busca da culpa, para dizer que é deste, daquele e do outro
também e, depois, concluir que não é de Merkel, a Chanceler alemã, a
responsabilidade do estado em que Portugal e a maioria dos portugueses se
encontram.
De facto, não é! E,
atendendo ao que se passou, ao modo como a nossa dívida pública foi crescendo e
o nosso bem recheado tesouro minguando depois de 1974, é fácil detectar
pormenores que nos fazem saber que a “social-demagogia” é a primeira
culpada desta tragédia para a qual diz agora ter a solução!
Mário Soares que, sem
pudor nem recato, clama e manobra para que o Governo que, melhor ou pior, vai
tentando deter o estado gangrenoso que ele iniciou, foi, quanto a mim e sem a
menor dúvida, o primeiro e maior responsável. Fez crescer a dívida pública em
cerca de 50%, para além do desgaste provocado num tesouro nacional bem
recheado que encontrou. Gastou-o no folclore que promoveu sem que nada de estável
construísse. Acabámos no FMI!
Controlaram a situação os
que se lhe seguiram, mas António Guterres, lucidamente, acabou por reconhecer
ser a “social-demagogia” um regime insustentável que levaria Portugal ao
atoleiro em que derrapa agora. Tinha razão e e desistiu!
E foi-se a dívida mantendo
em cerca de 60% do PIB, um nível que, diz-se, é o normal numa economia
equilibrada, até que surgiu quem, sozinho como dizia, resolveu puxar pelo país
e elevar, em mais de 50%, a dívida pública, ao mesmo tempo que, num
autêntico delírio de novo-riquismo pacóvio, muita gente o imitou e se lançou
num consumismo excessivo que levou a dívida privada também para valores
descontrolados.
Num tempo em que já muitos
chamavam a atenção para as desastrosas consequências de tais procedimentos, Sócrastes
persistiu e Portugal ficou a abarrotar de dívidas, o que, naturalmente, levou
ao agravamento do crédito, agora em troca de juros excessivos, insustentáveis. De novo um auxílio externo teve de ser pedido!
Temos casas a mais, auto-estradas
sem tráfego que as sustente, famílias destroçadas, um parque automóvel irrenovável,
empresas falidas, muitas centenas de milhares de desempregados, gente com fome
e eu sei lá que mais, em consequência do que um punhado de demagogos fizeram.
Mas de que vale insistir
nas culpas que tenha havido se os erros estão feitos e as consequências duramente
se sentem?
Melhor seria pensar em
como ultrapassar o problema criado com o menos possível de dor, sem o
sofrimento por que tanta gente passa. Esta, sim, é a verdadeira questão que se
nos coloca depois de um primeiro embate inevitavelmente muito forte e
contundente. É a hora!
Nesta tarefa
necessitaríamos da solidariedade da Europa a que pertencemos, mas que em vez
disso nos aplica o castigo de termos de ser pobrezinhos e bem comportados, mesmo quando melhores condições, que o princípio da igualdade de tratamento nos garantiria, o poderiam atenuar. Mas recusam-no!
Por isso, para quem culpas
procure, eu aponto dois culpados: a social-demagogia e a solidariedade
europeia!
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