Entre uma Autoeuropa que
soube contornar as dificuldades em negociações com a entidade patronal e a Lisnave que não resistiu à intervenção excessiva dos
sindicatos, os trabalhadores do porto de Lisboa acabam por, sem quaisquer benefícios e unilateralmente, abandonar o
radicalismo de uma greve de que só resultaram enormes prejuízos, fazendo a demonstração completa de como a intransigência não resolve problema algum.
Uma atitude mal
compreendida pelas razões que a ditaram e repudiada pelos que mais prejudicou e
se esforçavam para tornar menos dura a recuperação económica do país, não tinha
como ser bem sucedida. E não foi. O país reagiu à situação e houve quem se
dispusesse a fazer o que eles não se dispunham a fazer.
Sines e Leixões, não aderentes à greve, cresceram e tornaram-se os grandes portos portugueses, portos
confiáveis e com capacidade para crescer ainda mais, atingindo já cerca de
70% da actividade portuária em Portugal. Por sua vez, Lisboa, Setúbal,
Figueira da Foz e Aveiro afundaram-se e desacreditaram-se, não sendo fácil que recuperem
da situação que criaram, da falta de confiança que passaram a inspirar a quem
não pode dar-se ao luxo de imprevistos em tempos de tamanhas dificuldades.
Grandes estragos
resultaram de uma atitude mal pensada que, tudo o leva a crer, serão maiores
para os próprios grevistas que não mediram bem as consequências do que se
propuseram fazer.
Naturalmente, com o
excesso de mão de obra que provocaram, os trabalhadores portuários de Lisboa,
Figueira da Foz, Aveiro e Setúbal não poderão deixar de temer pelos seus postos de
trabalho, porque será inevitável repor a produtividade degradada e que outros
portos, de longe, superaram com menos trabalhadores.
O trabalho é digno de todo
o respeito e de toda a consideração, pelo que tem os seus direitos que devem
ser respeitados e preservados. Mas quando, deliberadamente, se provocam
prejuízos que o país não pode suportar ou se retira às pessoas direitos que
também são seus, como a inexplicável greve dos comboios pelo Natal que a tornou uma greve contra o próprio povo, tornam-se impopulares
e desrespeitadas, acabando o tiro por sair pela culatra.
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