Andamos
por aí com protestos e com reclamações contra o governo que nos
obriga a uma austeridade dura e difícil de aguentar para muita
gente.
Julgo
ser este o alvo errado da manifestação de desagrado que, já para
além dos governantes que conduziram o país à situação de
vulnerabiliadde que o tornou alvo fácil da ganância dos mercados,
deveria ser agora dirigida contra quem, dizendo ajudar-nos, nos
obriga ao sofrimento que mal suportamos.
Poderia
o governo fazer melhor do que faz nesta sua missão de recuperação
das finanças portuguesas? Não sei, ou talvez possa usar aquela
expressão com a qual costumamos desculpar-nos da ignorância: talvez,
porque sempre se pode fazer melhor!
Pois
não sei mesmo se poderíamos e, como me lembro de outras vezes em que
Portugal teve de pedir ajuda externa, sei que é deste modo que se paga a
conta que más gestões acumularam. A não ser na dimensão do
problema e da crise que o envolve, foi exactamente do mesmo modo que
o primeiro subscritor da “carta aberta dos milagres”, Mário
Soares, procedeu quando teve de se submeter às condições que lhe
impuzeram. E meteu o socialismo na gaveta, para que não causasse
mais danos!
A
resposta que teve agora do seu “amigo” francês é elucidativa
quanto à dificuldade de impor, até mesmo reclamar condições menos
duras para aliviar o sofrimento do povo português.
Dos
alemães, nem poderíamos esperar outra coisa da quadratura de uma
mente que não consegue enxergar mais do que cifrões.
Hollande
teve entradas de leão mas começa a sentir como é difícil escapar
à crise que, apesar de prometer superá-la, já lhe bate à porta.
Nesta condições ser solidário? Era o que faltava!
Merkel
tem mais adiante eleições que deseja ganhar e não pode prejudicar
os seus interesses em nome da solidariedade que deveria ser a base
desta Europa já sem pés nem cabeça. Por isso as suas promessas de
ajuda só podem ter uma interpretação: aguentem-se!
É
verdade que, em casos assim, não podemos esperar que outros façam o
que a nós compete fazer, mas deveríamos poder esperar compreensão
e apoio em vez de conselhos safados.
Todos
sabemos que é nas dificuldades que se reconhecem os amigos. É
altura de perguntar onde está a “amizade” da Europa”.
Errámos
o alvo em tudo, até nos amigos que escolhemos.
Por
tudo isto, em vez de nos manifestarmos contra um governo que, estou
ciente, pouco melhor poderia fazer perante a desumanidade dos que
dizem ajudar, deveríamos estar bem unidos na manifestação da nossa
solidariedade interna e da nossa repulsa por aqueles que, dizendo
ajudar-nos, nos sufocam!
Cá
dentro deveríamos fazer calar os que, em nome dos seus interesses
políticos e materiais, fazem maiores e mais difíceis os esforços que fazemos para nos
livrarmos do tormento que vivemos.
Falsos
“amigos” externos e internos disparam contra o povo os canhões
da sua ambição e do seu egoismo. É hora de dizer: “contra os
canhões, marchar, marchar!
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