ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

RACIONAMENTO?



Sigo esta "guerra" na Ordem dos Médicos apenas pela comunicação social e admito que, por este meio, me escapem pormenores importantes da questão. Não tomo, por isso, partido por qualquer das partes. Porém, a palavra “racionamento” soa-me demasiadamente mal para a entender como certa ou sequer “equilibrada” num documento que tem a ver com a utilização de medicamentos na preservação da vida.
O racionamento não é mais do que a definição de limites, de “rações” que são impostas, sem que tal corresponda à racionalização de uma situação de míngua ou tenha em conta as especificidades que na saúde, como em quase tudo, terão de ser tidas em conta caso a caso, como é dever dos médicos fazê-lo. Racionar é uma atitude quantitativa que não deve pertencer ao grupo das que prevalecem quando se trata de questões de ética!
Se até ao ministro das finanças se exige alguma ética nas atitudes violentas austeridade que em tempos de bancarrota são tomadas, porque não exigir a própria ética a uma comissão que dela se diz ser?
Tenho poucas dúvidas de que o novo modo de viver a que as circunstâncias cada vez mais nos obrigarão, vai exigir que se racionalize o que se consome, começando por evitar os excessos que nunca fizeram bem a ninguém, precisamente para que se possa evitar o racionamento que, na melhor das hipóteses, significará dividir equitativamente o que houver.
Não tenho dúvidas de que a “racionalização” será a via correcta para um futuro mais equilibrado em todos os domínios da actividade humana. Mas o “racionamento” de que fala o documento do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) soa-me a um racionamento, a limitação da própria vida que será tratada consoante parecer que vale ou não a pena!
Esta será uma tremenda questão que a evolução da estrutura demográfica da Sociedade acabará por colocar se nada fizermos para o evitar.
Será justo que se coloque a questão de decidir quem, por falta de meios, deve morrer ou deve viver? O “racionamento” de que fala o CNECV parece abrir portas a decisões deste tipo. Se não, porque não falar, antes, de racionalização?
Não haverá, também, na indústria farmacêutica, atitudes que devam ser mudadas, princípios que devam ser repensados, valores que tenham de ser renovados? Então, porque racionamento?

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