ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

VAMOS, OUTRA VEZ, BRINCAR AOS RICOS?



"Quando o PS entender que este Governo não tem condições para continuar, eu não subscrevo uma carta, apresento uma moção de censura e exijo eleições antecipadas".
Isto afirmou Seguro na entrevista na TVI e a propósito da célebre carta aberta que Mário Soares promoveu e da qual já aqui dei conta, a "carta aberta dos milagres".
Seguro espera, como formalmente disse e esta declaração também significa, que o Governo não cumpra o OE de 2013 tal como, disse também, por incompetência não cumpriu o de 2012.
Eu já considerei Seguro um político oportunista e confuso, mas esqueci-me de admitir a hipótese de ele ser sincero, de estar a falar a sério, convencido do que diz, o que me conduzirá a outras conclusões.
Imaginemos que este “ajustamento” do nível de vida não passa do “empobrecimento” de que toda a Oposição acusa o Governo de desejar. A ser assim e ultrapassando a questão das razões estranhas e politicamente inimagináveis para o desejar, eu pergunto por qual razão Sócrates solicitou o resgate que evitou a bancarrota iminente do país e aceitou as duríssimas condições que impõe, as quais Seguro diz respeitar.
A pergunta que, de seguida, se deve colocar só pode ser sobre as razões que geraram a situação que levou ao pedido de ajuda e, consequentemente, à austeridade que nos faz sofrer. Teriam sido as despesas excessivas do Estado Social que não foi capaz de se conformar com as reais capacidades do país mas apenas se regeu por uma Constituição revolucionária que muitos consideraram a mais evoluída do mundo?
Que adianta que a Constituição confira direitos e imponha condições que o país real não consegue sustentar?
A alternativa ao “ajustamento” do nível de vida dos portugueses às capacidades reais de Portugal seria, obviamente, voltar a brincar aos ricos como fizemos ao longo do tempo em que nos arruinámos.
É claro que se pode e deve questionar o modo como o Governo está a fazer o ajustamento necessário, porque sempre haveria uma maneira melhor de o fazer. Sempre se cometem erros de perspectiva e de previsão nos orçamentos que a míngua de meios torna agora mais evidentes e de mais graves repercussões do que em outros tempos em que, pelas mesmas razões, se fizeram orçamentos rectificativos sem as recriminações que as de agora merecem.

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