Neste país onde a maledicência,
filha da inveja, é quase uma instituição e certo jornalismo mal se distingue
das conversas de comadres, o efeito de uma campanha contra Isabel Jonet,
presidente do Banco Alimentar contra a fome (BA), acabou por ditar, afinal, o sucesso
de mais uma recolha de dádivas que, parece certo, superará a
anterior. Felizmente para os que precisam da ajuda que o BA lhes dá e, talvez,
com pena para os que chegaram a pedir a demissão de Jonet.
Um povo em grandes
dificuldades por via de uma austeridade feroz que tempos de leviano consumismo
não podiam deixar de gerar, mais uma vez mostrou a sua generosidade para com os
que ainda menos têm e precisam de matar a fome a si e aos seus.
Isabel Jonet, a alma de
uma instituição que, há tantos anos já, ajuda muita gente, foi duramente
criticada por dizer uma verdade, a de que “os portugueses vivem muito acima das
possibilidades” e, por isso, vão ter de “aprender a viver com menos”.
É irrefutável verdade dizer
que não poderemos continuar a gastar mais do que o que as nossas receitas nos
permitam, bem ao contrário do que vinha sendo a prática desde há muitos anos.
Como consequência, subiram as nossas dívidas, pública e privada, até níveis que
prejudicaram profundamente o crédito de que o país e os bancos necessitam para
fazer face aos seus compromissos, um risco sério de bancarrota!
É impossível, pois,
continuar a viver com o nível de consumo para o qual os nossos recursos não são
bastantes.
As medidas para remediar a
situação criada é, de facto um “empobrecimento” ou, simplesmente, o ajustamento
do nível de vida à realidade?
Não importa como se
classifique porque a verdade é que teremos de aprender a viver com menos, já
que não temos mais. Cabe-nos, depois, aproveitar bem o que formos capazes de
produzir, para poder viver melhor.
Sem comentários:
Enviar um comentário