"Não acredito que o país
esteja no fim e que não haja mais nada para fazer. Acredito que nós, o nosso
país, a nossa terra, tem futuro e é mais brilhante do que aquele que temos
vivido. Esta é mais uma crise, não passa disso". Isto é uma de muitas
coisas que Moita Flores, ex-presidente da Câmara de Santarém, disse na
apresentação da sua candidatura à presidência da Câmara M de Oeiras.
A minha admiração por esta
personalidade que escreveu já coisas que muito admirei, não me impede de lhe
fazer algumas críticas, como sempre faço quando me parece que tenho razões para
as fazer.
Em primeiro lugar estas atitudes
de “salta-pocinhas” dos que se tornam “pau para toda a obra”, quero dizer,
presidenciáveis para qualquer Câmara, não me cai bem porque os municípios são
os autênticos poderes regionais que temos, com interesses que os seus naturais
podem e devem defender, em vez de se entregarem nas mãos de quem os partidos
lhes impinjam! Aliás, esta moda de concorrer a um conjunto de câmaras, uma após
outra, tornou-se um caminho político que pretende levar, um dia, à Câmara de
Lisboa e, depois talvez, à presidência da República.
Em minha opinião as câmaras
municipais não deveriam servir de escadote e, em vez disso, deveriam ser forças
políticas que defendem a sua região e tentam obter para ela os maiores
benefícios segundo os seus interesses, bem antes de qualquer outra perspectiva
de carreira.
Depois, critico-o pela sua
deficiente visão do que considera ser mais uma crise e não passar disso.
Tenho pena de que alguém
inteligente, como Moita Flores já demonstrou ser, ainda se não tenha apercebido
de que esta “é a crise”, de que as anteriores foram apenas o preâmbulo de como
acabaria este modo de vida que foi substituindo os verdadeiros valores da vida
por interesses materiais que despertam em nós os piores sentimentos e causam ao
mundo a maior degradação, que apenas será superada com uma nova mentalidade que
aceite a realidade natural como a única que pode pautar o nosso ritmo de vida. Ritmo
que, estupidamente, há muito ultrapassámos!
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