Pela segunda vez as declarações
do Primeiro Ministro me causam revolta pela desfaçatez com que são feitas e
pela falta de sensibilidade que denotam, atitudes que não ficam bem em quem é
responsável por uma governação que devia ter em mente, antes de mais, o bem
estar dos governados.
Mas que conversa é essa de que quem
descontou não ter descontado para ter “aquela reforma”? E que matreirice é
aquela, também, de falar em reformas milionárias sem definir o que são? Deve S
Exa fazer essa definição e justifica-la, em vez de, de um modo indiscriminado,
tomar uma atitude que abrange, de igual modo, os que têm a reforma que o seu
trabalho honesto lhe granjeou e os que têm reformas de benesse, especialmente
aquelas que os políticos atribuíram a si próprios.
Afinal, a ser como diz Passos
Coelho, o Estado define os deveres aos cidadãos, assim como lhes impõe sacrifícios, mas mantém discricionárias as suas
próprias obrigações que podem ser alteradas conforme as suas conveniências e, mesmo até,
anuladas.
Se S Exa se referisse a quem, pretensamente,
prestou serviços ao Estado mas, na melhor das verdades, dele se aproveitou, por
vezes de um modo mais do que descarado, a quem por pouco mais de uma meia dúzia
de anos de mordomias ganhou direito a uma reforma mais do que generosa, eu bateria
palmas por se ter feito justiça porque essa é, efectivamente a má despesa. Mas quando se trata de descontos feitos ao
longo de uma vida, da entrega de uma parte significativa do que o
trabalho mereceu, o caso muda de figura. Quem assim procedeu tem direito, com certeza, à reforma que as condições definidas pelo Estado lhe atribuiram, sem qualquer favor. É diferente de todas as demais pensões.
É de má nota, de total ausência
de escrúpulos, de aldrabice até, justificar um esforço suplementar dos
reformados do modo como Passos Coelho o fez. Diria, mesmo, que é nojento,
imperdoável e indigno do lugar que ocupa. É bom que esclareça o que disse e que corrija a discriminação que o seu OE faz e o desprezo qua manifesta por quem lhe devia merecer respeito.
Sempre reconheci a
inevitabilidade de sacrifícios, desde que equitativamente distribuídos, mas
esta discriminação oportunista excede tudo o que a mais descarada sacanice pode
conceber.
Veremos como o Presidente da República
e o Tribunal Constitucional vão lidar com esta atitude de injustiça com que o
Governo brindou os seus maiores este Natal!
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