ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 9 de dezembro de 2012

ATÉ DURÃO GOZA COM O PAGODE?



Quando ainda tinha a paciência que a insistência sempre acaba por matar, via regularmente os episódios do Dr House e até conseguia encontrar alguma razoabilidade naquela técnica de deixar piorar para encontrar a cura.
Eram casos sem precedentes, difíceis de diagnosticar e, perante a quase inevitabilidade de um desfecho infeliz, os riscos valiam a pena.
Mas quando se trata de um mal cuja evolução se conhece, a técnica terá de ser diferente, a de não deixar o mal avançar.
Parece consensual este modo de pensar que não é o dos políticos que, agora poucas dúvidas me restam, fingem ajudar a Grécia, já no fundo do poço por onde Portugal e a Irlanda escorregam também.
Às estapafúrdias desculpas de Vitor Gaspar, de Passos Coelho e do próprio presidente do Eurogrupo, junta-se, agora, a de Durão Barroso que diz: "O princípio está lá e pode ser eventualmente aplicado. Espero que Portugal não chegue a uma situação como a da Grécia, em que tenha que aplicar essas mesmas condições, que já são vistas como de um país que não foi capaz de cumprir o programa. É isso que Portugal quer?".
São desculpas esfarrapadas, imbecis até, com que se procura disfarçar a submissão à poderosa Alemanha a que nem a “rebelião” da França de Hollande conseguiu resistir.
Por tudo isto, a Portugal não serão concedidas as mesmas condições de que a Grécia pode usufruir, pelos vistos porque isso significaria não ter sido capaz de cumprir o programa!
Mas o que terão a ver as condições de prazo e de juros com o programa de ajustamento financeiro que, diz o próprio Eurogrupo, está a decorrer muto bem? Fará o sofrimento do povo parte das condições da ajuda dada? Pois tudo me faz crer que sim!
Onde estará a solidariedade que seria de esperar dos nossos “amigos” europeus? Nestas atitudes que nem sequer respeitam condições pré-estabelecidas?
Ainda esperei que, apesar do que disseram, Vitor Gaspar e Passos Coelho estivessem a lutar por um direito que poderia aliviar dores que, tudo me leva a crer, os insensíveis “amigos” europeus consideram parte do “pagamento” da ajuda. Mas escutando as razões de Durão Barroso, copiadas do discurso do alemão Wolfang Schauble, o senhor das finanças alemãs, perdi essa esperança.
Como resposta à pergunta de Barroso, Portugal deveria responder, simplesmente, que apenas quer o que está definido que deve ser feito, a igualdade das condições decorrentes do empréstimo recebido.
Barroso, português, deveria conhecer bem o nível que já atingiu o sofrimento de demasiados compatriotas seus que, por isso, deveria ajudar a suavizar em vez de papaguear as parangonas de um alemão insensível. Mas em vez disso, prefere argumentos que não passam de ridículas desculpas e, mais do que isso, são insultos aos seus concidadãos que fazem sacrifícios que ele nem imagina o que sejam.

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