Quando ainda tinha a
paciência que a insistência sempre acaba por matar, via regularmente os
episódios do Dr House e até conseguia encontrar alguma razoabilidade naquela
técnica de deixar piorar para encontrar a cura.
Eram casos sem
precedentes, difíceis de diagnosticar e, perante a quase inevitabilidade de um
desfecho infeliz, os riscos valiam a pena.
Mas quando se trata de um
mal cuja evolução se conhece, a técnica terá de ser diferente, a de não deixar
o mal avançar.
Parece consensual este modo
de pensar que não é o dos políticos que, agora poucas dúvidas me restam, fingem
ajudar a Grécia, já no fundo do poço por onde Portugal e a Irlanda escorregam também.
Às estapafúrdias desculpas
de Vitor Gaspar, de Passos Coelho e do próprio presidente do Eurogrupo,
junta-se, agora, a de Durão Barroso que diz: "O princípio está lá e pode
ser eventualmente aplicado. Espero que Portugal não chegue a uma situação como
a da Grécia, em que tenha que aplicar essas mesmas condições, que já são vistas
como de um país que não foi capaz de cumprir o programa. É isso que Portugal
quer?".
São desculpas
esfarrapadas, imbecis até, com que se procura disfarçar a submissão à poderosa
Alemanha a que nem a “rebelião” da França de Hollande conseguiu resistir.
Por tudo isto, a Portugal
não serão concedidas as mesmas condições de que a Grécia pode usufruir, pelos
vistos porque isso significaria não ter sido capaz de cumprir o programa!
Mas o que terão a ver as
condições de prazo e de juros com o programa de ajustamento financeiro que, diz
o próprio Eurogrupo, está a decorrer muto bem? Fará o sofrimento do
povo parte das condições da ajuda dada? Pois tudo me faz crer que sim!
Onde estará a
solidariedade que seria de esperar dos nossos “amigos” europeus? Nestas
atitudes que nem sequer respeitam condições pré-estabelecidas?
Ainda esperei que, apesar
do que disseram, Vitor Gaspar e Passos Coelho estivessem a lutar por um direito
que poderia aliviar dores que, tudo me leva a crer, os insensíveis “amigos”
europeus consideram parte do “pagamento” da ajuda. Mas escutando as razões de
Durão Barroso, copiadas do discurso do alemão Wolfang Schauble, o senhor das
finanças alemãs, perdi essa esperança.
Como resposta à pergunta
de Barroso, Portugal deveria responder, simplesmente, que apenas quer o que
está definido que deve ser feito, a igualdade das condições decorrentes do empréstimo
recebido.
Barroso, português,
deveria conhecer bem o nível que já atingiu o sofrimento de demasiados
compatriotas seus que, por isso, deveria ajudar a suavizar em vez de papaguear
as parangonas de um alemão insensível. Mas em vez disso, prefere argumentos que
não passam de ridículas desculpas e, mais do que isso, são insultos aos seus
concidadãos que fazem sacrifícios que ele nem imagina o que sejam.
Sem comentários:
Enviar um comentário