ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

AMANHÃ É DIA DE BRUXAS. E DEPOIS, QUE DIAS VIRÃO?



É uma tradição da Igreja Católica comemorar, em diversas circunstâncias, as “Vésperas” dos grandes dias.
Acontece na véspera do Dia de Todos os Santos, também.
Foi o Papa Bonifácio IV, no século VI DC, quem transformou um templo romano dedicado a “todos os deuses” num tempo cristão dedicado a Todos-os-Santos, aqueles que nos precederam na fé, com uma celebração que o Papa Gregório III, no século VIII DC, fixou definitivamente fixou em 1 de Novembro, com uma festa celebrada na Capela de Todos-os-Santos na Basílica de S Pedro.
Mais tarde ainda, já no século IX DC, o Papa Gregório IV tornou-a numa festa à escala universal, tal como hoje ainda se comemora.
O Dia 1 de Novembro é assim, em todo o mundo, o DIA DE TODOS OS SANTOS, aquele em que, muito particularmente, recordamos os nossos antepassados que já estão junto do Criador, deixando para o dia seguinte a visita às suas últimas moradas para cobrir as campas com flores, o que levou a chamar, ao dia 2 de Novembro, o DIA DE FINADOS.
Tornou-se tradição, como é típico das grandes festas, celebrar as vésperas e, na parte pagã que sempre as acompanha as comemorações religiosas, passou a celebrar-se o DIA DAS BRUXAS na última noite de Outubro.
Lembro-me de, quando miúdo, sair com os meus amigos para arranjarmos abóboras que esventrávamos, delas fazíamos uma careta que, com o interior iluminado por uma vela produzia uma efeito com que amedrontávamos as pessoas que passavam. Também se conseguia tal efeito se nos colocássemos num lugar escuro e, no momento de passar alguém, ascendêssemos uma pequena luz por debaixo do queixo. O Susto estava garantido!
Há lugares em Portugal onde esta tradição se mantém bem acesa, onde as pessoas brincam ao dia das bruxas, Como em Vilar de perdizes, por exemplo.
Mas desde que se tornou “bem” copiar os ingleses ou os americanos, esquecendo cada vez mais o belo português, o dia das bruxas tornou-se no “chiquérrimo” Halloween que não é mais do que um nome que derivou de “all Hallows Eve” (véspera de Todos-os-Santos), do que, por deformação ao longo do tempo derivou para o hoje célebre Halloween.
Assim, a véspera do DIA DE TODOS-OS-SANTOS se tornou no DIA DAS BRUXAS que, hoje em dia, se prefere chamar HALLOWEEN, neste hábito que pegou, até nas escolas, de preferir pavras ingleses às portuguesas.
Amanhã será o dia da bruxas. O que serão os dias que se seguem?


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

VAI A MONTANHA CAÇAR O RATO OU PARI-LO, COMO É SEU HÁBITO?



Tenho acompanhado o caso Sócrates como, por certo, a maioria dos portugueses pois ele não é uma pessoa qualquer por ter sido primeiro-ministro deste país. É natural, portanto, a estranheza que causa uma providência cautelar que impede um grupo de meios de comunicação de publicar notícias sobre aquela figura que, a cada dia que passa, mais polémica se torna.
Aliás, as suspeitas sobre Sócrates são quase constantes em muitos dos grandes processos jurídicos deste país nos últimos anos, desde um empreendimento comercial em Coruche que deixou no ar muitas dúvidas, passando por outros vários até chegar à Operação Marquês, ao longo do qual esteve detido durante vários meses.
Melhor ou pior e a menos os preconceitos a que simpatias políticas ou outras possam dar lugar, não haverá quem, apesar da presunção de inocência a que todos têm direito até serem julgados, não tenha algum juízo formado sobre este controverso personagem da política nacional.
E não creio que sejam muito lisonjeiros tais juízos, tão evidentes parecem ser os factos que servem de base às suspeitas que sobre Sócrates recaem, tão estranho parece ser o faustoso custo da vida que, durante muitos anos, levou sem que se lhe conheçam rendimentos que os suportem, bem como demasiadamente generosos os empréstimos não contabilizados de um amigo e tantas outras coisas pelas quais um vulgar cidadão já teria sido, porventura, condenado.
Mas como também parece ser habitual deste país, pelas artimanhas jurídicas, às quais mais parecem interessar as regras que anulam provas do que a justiça que elas permitiriam fazer, não ficarei admirado se, no final, a montanha parir o rato em vez de o apanhar!


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A REVOLUÇÃO PARLAMENTAR



Entre as regras do bom viver, uma há que se distingue pela sua antiguidade: “em Roma, sê romano” pois, de outro modo, serás ostracizado, banido.
E penso que se adapta bem à situação que vivemos, na qual parece que alguém deseja estar de bem com Deus e com o diabo, em consequência do acordo que se prepara para uma união de esquerda, com BE e PCP a lutarem no Parlamento Europeu contra o tratado orçamental da UE, ao mesmo tempo que, na Assembleia da República Portuguesa, se propõem esquecer esse “pormenor”, aprovando um orçamento em conformidade com ele.
Será assim tão fácil vender a alma ao diabo? Não é, com certeza, e, por isso, não consigo compreender como tal seja possível sem intenções de fazer reviver, a curto prazo, o que é a sua razão de ser, a menos que seja sua intenção desaparecer. E não me parece que sejam estes os desígnios de BE e do PCP.
Enfim, questões menores para quem não é o futuro dos seus concidadãos a preocupação maior, porque a maior é, só pode ser, a “revolução parlamentar” em curso, numa luta em que não creio que, desta vez, seja David o vencedor.
Há, do outro lado, um Golias enorme e atento que não deseja acrescentar aos seus já inúmeros problemas, mais um que pode ser bem maior e com piores consequência do que aquele que a Grécia lhe causa.
Jamais serão BE ou PCP, sejam as consequências quais forem, quem sairá mais mal tratado de um confronto impossível de vencer. 
Por isso creio ser o PS quem deve por as barbas de molho no rearranjo partidário que sairá da confusão que se está a criar entre um ideal europeísta, por maior que seja a crise em que o projecto se encontre, o isolacionismo que é o sonho dos que vêem na Coreia do Norte o modelo de sociedade em que se sentem felizes e os que adoram viver (talvez para a dominar) entre a pobreza generalizada que a grande confusão vai gerar.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

DEPOIS DE MIM VIRÁ…



Não poderia esperar outra atitude de Passos Coelho que não chefiará um governo de gestão se o seu programa for rejeitado na Assembleia da República.
Se não decidisse deste modo cometeria dois erros grosseiros como o são governar em regime de gestão, porque não é governar, e ser ele próprio a desfazer o que fizera à custa dos sacrifícios enormes a que todos tivemos de nos sujeitar para recuperar, perante uma Europa e um mundo que nos olhava sem confiança e quase com desprezo, pelo que três governos socialistas já haviam feito, levar Portugal às portas da bancarrota.
Nada poderá fazer de melhor Passos Coelho do que retirar-se se o seu programa não for aprovado, deixando a outros o bico-de-obra que lhes garantirá vida curta.
Aliás, Costa já foi inventando que lhe disseram coisas que, afinal, ninguém lhe disse, para adiantar aquele acto crónico de informar, depois de empossado, que as coisas não estavam como pensava e por isso não poderá cumprir as promessas que fizera.
Faz-me lembrar uma anedota antiga de uma moça que, feliz, contava à amiga que o seu Zé lhe tinha telefonado para ir ter com ele para fazerem um pouco de amor platónico.
Que amor é esse, perguntou-lhe a amiga.
Eu também não sei, mas tomei banho!
A desilusão será grande mas lá diz o povo que a experiência vivida faz sábio, atrás de mim virá quem bom de mim fará!
E o banho virá depois...


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

MAIS VALE PREVENIR?



Há políticos que cada vez mais me desiludem, porque ficaram mentalmente limitados ou assim gostam de parecer, sei lá com qual propósito.
É o que concluo de certas atitudes que tomam e do que que dizem nas mais variadas circunstâncias.
Claro que os políticos são pessoas como outras quaisquer, como as dificuldades e limitações próprias de qualquer ser humano. Mas as responsabilidades que se propõem assumir na governação do que é de todos deveriam fazer supor serem, dentre todos nós, os mais capazes. Mas creio que, na realidade, não passam de ser, apenas, os mais sagazes.
Nesta oportunidade, é uma situação criada em Angola que me chama a atenção.
Uma declaração da Procuradoria Geral da República de Angola sobre a prisão de Luaty Beirão e alguns seus amigos que, dizem, preparavam um atentado contra a vida de Eduardo dos Santos, “As consequências de uma eventual rebelião seriam incalculáveis. Isso teria um efeito de bola de neve. Inicialmente, podia parecer que nada acontecesse, mas na verdade tudo podia acontecer e, como se diz, mais vale prevenir do que remediar e, às tantas, não teríamos como remediar”, tem implícitas afirmações de uma realidade que, a todo o custo, o regime pretende esconder.
Apesar disso, a declaração torna evidente a natureza autocrática e discriminatória da atitude de privação de liberdade que um simples receio torna lícita e justificada pela possibilidade de uma rebelião que poderia ter o efeito que o Estado angolano não teria como parar!
Uma declaração que admite ser a liberdade propriedade de um regime que a concede ou retira consoante as suas idiossincrasias e conveniências porque se não sente seguro de ser capaz de remediar os efeitos de uma rebelião que ela comece.
Uma rebelião por que? Eu não sei e os presos afirmam não ser uma rebelião que preparavam. Mas cada um tem as razões que tem para os medos que sente e contra os quais se previne…
Não estou a inventar nada, mas apenas a ler o que uma alta autoridade angolana, com a legitimidade que tiver, afirmou numa declaração que não justifica o que é feito e apenas dá conta dos medos por que é feito.
Não posso deixar de lamentar que, pelo que parecem ser os caprichos ou os temores de um regime, tenha estado em perigo grave a vida um ser humano há mais de um mês em greve de fome, pai de família que, ainda por cima, também tem nacionalidade portuguesa.
Porque nada mais posso fazer, resta-me juntar a minha voz à de muitos que pedem ao Presidente angolano que reconsidere e devolva a liberdade a alguém injustamente preso.
Luaty Beirão já deu o seu passo terminando a greve de fome. Que o Presidente angolano dê o seu, aquele que seria o acto de grandeza que o comunicado da PGR angolana, de todo, não demonstra.