Dizia-se, antigamente, que o regime, então o Estado Novo, distraía o povo com futebol e com Fátima, para que se não desse conta da vida difícil que levava.
O
que poderemos dizer hoje, se há mais futebol do que nunca, se se fala mais de
futebol do que alguma vez se falou em jornais e nas televisões e as telenovelas
e os programas brejeiros não despegam nos programas de alguns canais
televisivos?
Parece
que foi Fátima quem se perdeu pelo caminho nesta manobra de distrair o povo das desgraças que lhe causam,
porventura agora mais recatada e mais conforme com os seus propósitos de
santidade.
Decerto
que, no “ópio” que “estupidifica” o povo, continua firme o futebol, agora com
clubes falidos mas, como parece evidente, muito rentável para fundos, agências
de jogo, agentes de jogadores, alguns jogadores mais afortunados e comentadores,
tanto quanto o é aquele pozinho branco para os que o traficam e fazem dos que o
consomem autênticos párias.
Dias
e horas há em que parece não haver um só canal que não fale, horas a fio, da
guerra que alguns já movem aos mafiosos que transformaram a diversão que era o
futebol numa actividade opaca e de procedimentos estranhos como é próprio das coisas socialmente reprováveis e, pelo que todos podemos ver, num campo de
batalha em que os bem instalados no “negócio” rabeiam, esperneiam e maldizem os
que lutem por um futebol que volte a ser o desporto/divertimento que era em vez
da negociata vil em que se tornou.
O
que mais estranho me parece no meio de tanta dissimulação e de tendenciosas “sabedorias”
é que, sendo os clubes a razão sem a qual tudo o mais não existiria, se deixam
enredar nas negociatas que os exaurem em vez de aproveitarem os valores que
geram em proveito próprio, dos seus associados e da própria sociedade!
Não
deveria quem de direito, aqueles a quem compete controlar os que, na sociedade,
agem em seu desproveito, tomar a iniciativa, já tão atrasada, de meter as
coisas na ordem e de fazer regressar o futebol àquilo para que nasceu? Um
desporto popular com regras que devem ser cumpridas?
Mas
não me parece que haja muita gente a defender a transparência que torna as
sociedades justas e disponíveis para o bem-estar para o qual o futebol/desporto
poderia contribuir também, mas que o futebol/negócio-escuro completamente
impede.
Ou
será que dentro dos próprios clubes há quem faça parte da tal máfia que deles
se alimenta? Porventura alguém que, sendo o futebol uma fonte de paixões dos
adeptos que o seguem, preferem, sem dar muito nas vistas, ir fazendo, à custa deles,
os seus negócios?
Inebriado
pelas guerrilhas com que o divertem, indiferente às lutas justas que se travem,
o povo deixa correr e até toma partido, por agora talvez menos pelos que lutam
pela forma certa de fazer as coisas e mais pelos que se batem pelo status quo
que serve os seus propósitos pessoais.
Mas,
seja “assim ou assado”, as coisas sempre acabam por mudar porque a corrupção
também tem limites.
Quais são? Por isso se não pode saber quanto tempo ainda vai durar.
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