São
públicas e cada vez melhor conhecidas as divergências entre personalidades e sectores do PS relativamente à óbvia intenção de outros para constituir uma
frente de esquerda com o PCP e o BE, para governar Portugal.
Enquanto
uns invocam razões profundas e insanáveis para considerar contra-natura um
acordo entre intensões tão distantes como são as que os programas de cada partido
revelam, outros, como Jorge Lacão hoje afirma em carta aberta a Assis, afirmam
que “Fechar a porta a quem finalmente dá sinais de a querer abrir consistiria
num erro histórico”.
Eu
creio que Lacão se refere à “disponibilidade” do PCP e do BE para fazerem parte
do governo ou apoiarem, na Assembleia da República, o que Costa formasse. Deve
ser este o abrir de porta que seria um erro histórico não permitir, não sei se
para a tentativa vã de diluir azeite em água, se para, finalmente, deixar cair
a máscara do “socialismo democrático” que o PS tem usado para disfarçar a sua
verdadeira natureza! O PS ou parte dele.
Também me não excluo a hipótese de mera apetência do poder pelo qual se paga qualquer preço!
Também me não excluo a hipótese de mera apetência do poder pelo qual se paga qualquer preço!
Por
outro lado, da peculiar distinção que Costa fez entre programas partidários e
um programa de governação apoiado por sensibilidades inconciliáveis porque são
a própria razão de ser de cada partido, fica-me a dúvida sobre para qual lado a
porta se iria abrir.
Porque
um projecto de governo só faz sentido se for um programa de futuro em que o
sucesso cada vez mais depende dos esforços conjuntos que se façam e da união de
ideais mais forte que existir, esperarão Costa e Lacão converter o PCP e o BE
a partidos europeístas ou, pelo contrário, será o PS que está disposto a
acolher os propósitos que fazem, dos seus desejados parceiros, partidos que
vêem na saída da Europa e do Euro a única forma de resolver os problemas que de
Portugal?
Não
vejo como, sem a conversão de alguém, se não de imediato pelo menos em futuro conveniente,
se possa constituir um grupo sólido, sem o que tudo não passará de uma “santa
aliança” oportunista para tomar retirar a governação a quem governava de modo a
merecer mais apoio eleitoral do que qualquer outro programa apresentado.
A “coligação”
que durante quatro anos governou em condições dificílimas, não alcança a
maioria por um número mínimo de deputados. Uma diferença que pequenas divergências poderão facilmente inverter.
Se
a frente de esquerda que Costa e Lacão desejam se formar, outra guerra se
seguirá, mais feroz ainda, entre três que, cada um de per si, tem o seu
programa de futuro, distinto, bem definido e radical.
É
o que depreendo das palavras de Louçã quando diz que apenas uma aliança
plena e não circunstancial, será a que pode criar uma verdadeira frente com
estabilidade para governar.
Vamos
esperar para ver se a “frente” acontece e, se acontecer, quanto tempo demora a
começar a guerra na capoeira.
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