Um
partido novo, do qual pouca gente se deu conta, acabou por eleger um deputado
que, na próxima Assembleia da República irá, com certeza, expor as suas razões,
dizer das suas ideias que, pelos vistos, o autor de uma notícia que li, talvez
outros também, não me parece ter entendido muito bem.
Pareceu-me
displicente, jocoso e, até, desrespeitador aquele “entenderam?” que se seguiu à
publicação de uma parte do ideário deste grupo político que, pessoalmente,
aplaudo!
Na
página do PAN diz-se assim e, se a memória me não falha, era mesmo isto que a notícia aproveitou para dizer do que se tratava:
“O paradigma da civilização hoje globalizada
baseia-se no mito da separação entre o eu e o outro, o ser humano, os demais
seres vivos e a natureza como um todo.
Este paradigma é desmentido pela
sabedoria tradicional das culturas planetárias e pela ciência contemporânea,
que nos mostram a interconexão de todos os seres vivos no grande ecossistema
planetário, mas converteu-se na irreflectida base do comportamento predominante
da humanidade em relação a si mesma, aos outros seres e à Terra.
Da crença na separação entre si e os
outros surge o medo, a insegurança, a carência e a vulnerabilidade, que por sua
vez se traduzem em avidez e hostilidade. Estas são as bases psicológicas,
mentais e emocionais, de uma civilização que desde há muito evoluiu no sentido
da progressiva separação entre o ser humano e o mundo natural e que, desde há
quatro séculos, na Europa e no Ocidente em geral, se deixou seduzir pelo
projecto de dominar, explorar e escravizar a natureza e os seres vivos,
incluindo os seres humanos supostamente menos desenvolvidos, para superar as
suas carências ou dar livre curso à sua ganância e desejo de poder e prazer. Se
daqui resultou um aumento da riqueza e do conforto materiais, o benefício disso
reverteu sobretudo para as antigas e novas classes dominantes, que se foram
tornando mais poderosas, em termos culturais, científico-tecnológicos e
político-económicos, pela progressiva apropriação dos bens e da riqueza comuns.
Apesar dos aspectos positivos da
emancipação da razão em relação às cosmovisões tradicionais, também se perdeu
com isso uma sabedoria ecológica natural e as sucessivas revoluções
científicas, tecnológicas e industriais, ao desprezarem uma igual evolução da
consciência e da ética, acabaram por aumentar crescentemente o poder bélico e o
impacto das nações mais poderosas sobre a humanidade, os seres vivos e o
planeta. A expansão da civilização europeia-ocidental – a chamada
“ocidentalização do mundo” (Serge Latouche) – trouxe consigo um novo mito, um
novo dogma e um novo obscurantismo, o do “progresso” entendido como um
crescimento económico ilimitado sem o qual supostamente ninguém pode ser feliz.
Esta é a nova fé e a nova superstição que se implantou, tanto nas consciências
religiosas como nas ateias e agnósticas, colonizando o imaginário e mobilizando
toda a energia das populações para o trabalho, a apropriação e a
mercantilização dos bens comunitários.”
Subscrevo
esta denúncia do maior equívoco da Humanidade, porventura o maior disparate produzido pela sua inteligência, porque é verdade o que nela se
diz.
Mas
UMA COISA É A VERDADE, OUTRA É O QUE SE FAZ COM ELA.
Espero
que tenha valido a pena a eleição de um deputado do PAN e esta seja a “testa de ponte” de novas ideias, aquelas
que podem dar corpo à tal alternativa que ninguém ainda foi capaz de dizer qual
seja. Uma alternativa em conformidade com uma realidade que a velha política não entende.
Mas
cuidado, “Roma e Pavia não se fizeram num dia”.
Mas porque levam tempo a fazer, já deviam ter sido começadas a construir há muito tempo. Por isso, quem sabe se as vamos conseguir acabar.Por isso não vale a pena perder tempo com iniciativas circunstanciais, mas ir direito à questão de fundo que resulta do que atrás ficou escrito. É indispensável uma nona forma de pensar a vida e um modo de viver mais conforme com a Natureza de que fazemos parte, mas perante a qual nos temos comportado como se fossemos seus donos!
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