AS CONTAS

Parece-me mais do que certo que Costa conseguirá, com as suas manobras e, sei lá, se sobretudo com o desinteresse Passos Coelho, ser o primeiro ministro de Portugal, apesar da derrota humilhante que teve numas eleições que não conseguiu ganhar, nem de longe, a quem teve de governar em condições muito difíceis de protectorado financeiro ao longo de quatro anos.

O resultado final das eleições, em termos de relação de forças na Assembleia da República, leva a uma diferença tão pequena entre os “grupos de forças” em confronto que, politicamente, quase se pode falar de vitória estrondosa da coligação PaF.

Mas, apesar de tanto sempre se falar de leituras políticas, daquelas de que os políticos gostam para nos falar numa linguagem que tem a particularidade de permitir dizer uma coisa e o seu contrário sem faltar à verdade porque não existe em qualquer delas, desta vez apenas se fala de contas, ainda que esquecendo uma das primeiras coisas que os professores nos ensinam quando começamos a aprender aritmética. A começar pela primeira operação, a soma.

Repetidamente nos chamam a atenção para que se não podem somar batatas com tomates, maçãs com peras e por aí fora, porque o resultado não teria qualquer significado porque não seria batatas nem tomates, nem maçãs nem peras nem nada.

Pois é a mesma falta de significado que terá somar PS+BE+PCP porque o resultado não será nada que se possa explicar como sendo qualquer coisa!

Mas visto por outro prisma, também é da sabedoria comum o resultado que dá meter três galos na mesma capoeira. E nem vale a pena falar nisso.

O que terão a ver BE e PCP, nos seus propósitos de futuro, com o PS? Rigorosamente nada!

Finalmente, o Costa perdedor que vai buscar a força ao BE e ao PCP será, alguma vez, o regente desta charanga desafinada? Jamais, porque não é ele que lha dá a força.

Costa estará, sempre, dependente de quem o apoia, a quem terá de fazer o que lhe exigir para continuar a governar e será, por isso, quem realmente governa!

É por isso que, com Costa, o governo será de esquerda, daquela esquerda que lha dá a força que não tem e, por isso, o fará cair a muito curto prazo.

Com que custos para o PS? Com que custos para todos nós?