ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

MAIS VALE PREVENIR?



Há políticos que cada vez mais me desiludem, porque ficaram mentalmente limitados ou assim gostam de parecer, sei lá com qual propósito.
É o que concluo de certas atitudes que tomam e do que que dizem nas mais variadas circunstâncias.
Claro que os políticos são pessoas como outras quaisquer, como as dificuldades e limitações próprias de qualquer ser humano. Mas as responsabilidades que se propõem assumir na governação do que é de todos deveriam fazer supor serem, dentre todos nós, os mais capazes. Mas creio que, na realidade, não passam de ser, apenas, os mais sagazes.
Nesta oportunidade, é uma situação criada em Angola que me chama a atenção.
Uma declaração da Procuradoria Geral da República de Angola sobre a prisão de Luaty Beirão e alguns seus amigos que, dizem, preparavam um atentado contra a vida de Eduardo dos Santos, “As consequências de uma eventual rebelião seriam incalculáveis. Isso teria um efeito de bola de neve. Inicialmente, podia parecer que nada acontecesse, mas na verdade tudo podia acontecer e, como se diz, mais vale prevenir do que remediar e, às tantas, não teríamos como remediar”, tem implícitas afirmações de uma realidade que, a todo o custo, o regime pretende esconder.
Apesar disso, a declaração torna evidente a natureza autocrática e discriminatória da atitude de privação de liberdade que um simples receio torna lícita e justificada pela possibilidade de uma rebelião que poderia ter o efeito que o Estado angolano não teria como parar!
Uma declaração que admite ser a liberdade propriedade de um regime que a concede ou retira consoante as suas idiossincrasias e conveniências porque se não sente seguro de ser capaz de remediar os efeitos de uma rebelião que ela comece.
Uma rebelião por que? Eu não sei e os presos afirmam não ser uma rebelião que preparavam. Mas cada um tem as razões que tem para os medos que sente e contra os quais se previne…
Não estou a inventar nada, mas apenas a ler o que uma alta autoridade angolana, com a legitimidade que tiver, afirmou numa declaração que não justifica o que é feito e apenas dá conta dos medos por que é feito.
Não posso deixar de lamentar que, pelo que parecem ser os caprichos ou os temores de um regime, tenha estado em perigo grave a vida um ser humano há mais de um mês em greve de fome, pai de família que, ainda por cima, também tem nacionalidade portuguesa.
Porque nada mais posso fazer, resta-me juntar a minha voz à de muitos que pedem ao Presidente angolano que reconsidere e devolva a liberdade a alguém injustamente preso.
Luaty Beirão já deu o seu passo terminando a greve de fome. Que o Presidente angolano dê o seu, aquele que seria o acto de grandeza que o comunicado da PGR angolana, de todo, não demonstra.


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