Tenho
acompanhado o caso Sócrates como, por certo, a maioria dos portugueses pois ele
não é uma pessoa qualquer por ter sido primeiro-ministro deste país. É natural,
portanto, a estranheza que causa uma providência cautelar que impede um grupo
de meios de comunicação de publicar notícias sobre aquela figura que, a cada dia
que passa, mais polémica se torna.
Aliás,
as suspeitas sobre Sócrates são quase constantes em muitos dos grandes
processos jurídicos deste país nos últimos anos, desde um empreendimento
comercial em Coruche que deixou no ar muitas dúvidas, passando por outros vários
até chegar à Operação Marquês, ao longo do qual esteve detido durante vários
meses.
Melhor
ou pior e a menos os preconceitos a que simpatias políticas ou outras possam dar
lugar, não haverá quem, apesar da presunção de inocência a que todos têm
direito até serem julgados, não tenha algum juízo formado sobre este
controverso personagem da política nacional.
E
não creio que sejam muito lisonjeiros tais juízos, tão evidentes parecem ser os
factos que servem de base às suspeitas que sobre Sócrates recaem, tão estranho
parece ser o faustoso custo da vida que, durante muitos anos, levou sem que se
lhe conheçam rendimentos que os suportem, bem como demasiadamente generosos os empréstimos
não contabilizados de um amigo e tantas outras coisas pelas quais um vulgar
cidadão já teria sido, porventura, condenado.
Mas
como também parece ser habitual deste país, pelas artimanhas jurídicas, às quais mais
parecem interessar as regras que anulam provas do que a justiça que elas permitiriam
fazer, não ficarei admirado se, no final, a montanha parir o rato em vez de o
apanhar!
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