ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

sábado, 10 de outubro de 2015

ENTRE CONTAS E SUSPEITAS



Como é natural, continua a haver quem olhe as coisas apenas do modo que lhe convém ou como as suas limitações lhe consentem e não com a largueza de vistas com que, em verdade, as coisas devem ser olhadas se a intenção é esclarece-las.
Nas vistas curtas que lhes não permitem ir para além de si mesmos nem ultrapassar as idiossincrasias que os controlam, uns continuam a discussão de quem ganhou as eleições, reduzindo as alternativas às confusas e cada vez mais fora de moda “esquerda” e “direita” como se nada no mundo tivesse mudado nos últimos duzentos anos!
E fazem contas e mais contas, das tais de que a prova dos nove bate sempre certo porque se não apercebe de que somam o que não é possível somar ou até  têm parcelas que, na realidade, não existem.
Outros analisam os cenários de governação em que chega a caber a aberração que seria o PS derrotado a governar com o apoio de quem foi mais votado se, porventura se não aliar à extrema esquerda, como se governar um país, cuidar da vida de todo um povo não passasse de um jogo de poker cujo êxito depende das cartas que façam a “mão” dos jogadores mais sortudos ou do sucesso do “bluff” daqueles a quem as melhores cartas não calharam.
A democracia anda louca e já nem é capaz de se entender com os problemas que cria a si mesma em vez de, como dela se dizia, ser a solução para todos os problemas com que nos pudéssemos deparar.
Faz-me lembrar o “livro vermelho de Mao” ou o “livro verde de Khomeini” nos quais se previam soluções para todos os problemas e procedimentos para todas as situações. Soluções assim a modos que aquelas que se escutam dos “videntes” a quem bolas de vidro ou uns rectângulos de cartão, numa linguagem universalmente balofa, dizem tudo o que se quiser entender.
Mas também há quem comece a compreender que a realidade não é a que se pensava que fosse e que há coisas que mudaram, ciclos que já estão para além do fim e apenas continuam porque não se deram ainda conta de que acabaram!
Suspeitam que seja por isto ou por aquilo, andam mais longe ou mais perto da verdade que ainda não se dispuseram, de todo, a analisar com o cuidado que merece e com a urgência prestes a tornar-se desespero.
E vai ser esta a causa da turbulência em que vamos viver por tempo ainda indeterminado, com consequências danosas que só um zeloso bom senso poderia mitigar.
Mas por onde anda ele?


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