Já
esperava o chorrilho de disparates e de insultos que se seguiram à mais do que
natural escolha de Cavaco Silva para indigitar Passos Coelho para formar
governo, em conformidade com os resultados eleitorais.
Têm
sido feitas as mais diversas leituras dos resultados eleitorais que, para alguns, são uma clara manifestação de que o povo português deseja que a
esquerda governe, mas na qual o que mais parece evidente é a humilhante derrota
de quem parecia ter tudo para ser o grande vencedor, depois de quatro anos de
governação muito difícil após uma situação de pré-bancarrota que um resgate
financeiro evitou.
Nem
creio que pudesse ou devesse o Presidente da República proceder de outro modo
numa situação em que lhe cabe toda a responsabilidade, deixando para a Assembleia
da república o ónus de rejeitar ou não o Governo e o programa de governo que
Passos Coelho vai apresentar.
A
quem diga que é uma perda de tempo ser constituído um governo que a Assembleia
da República, muito provavelmente, vai reprovar, eu responderei que é bom
senso, assim como a quem diga que o Presidente da república agiu de modo
faccioso eu contraponho que cumpriu o que a Constituição lhe permite, assumindo
as responsabilidade que são as suas, deixando para os deputados que assumam as
suas também.
Diferente
é que seria uma escolha política pela qual seria o único responsável.
Depois
disto e por mais que se escreva ou se diga, o processo está a seguir um caminho
que a Assembleia da República encaminhará do modo como cada deputado se sentir
mandatado pelo povo que representa e, assim, pela interpretação que faça do que seja o
desejo dos seus eleitores que poderá não ser o mesmo do líder da seu partido.
Tratando-se do PS, calculo que muitos socialistas se sentirão fortemente incomodados com a derrota de Costa e se sentiriam vexados com a nomeação de um perdedor para Primeiro-Ministro de Portugal.
Tratando-se do PS, calculo que muitos socialistas se sentirão fortemente incomodados com a derrota de Costa e se sentiriam vexados com a nomeação de um perdedor para Primeiro-Ministro de Portugal.
Creio
que muitas dúvidas existirão ainda, que muitas discussões vão acontecer e que, no
final, não será tão fácil assim de prever o que vai acontecer na AR onde me não surpreenderia que o
programa de governo da Coligação fosse aprovado!
Depois
não será, de todo, um governo com estabilidade garantida o que, finalmente, será empossado neste país de tudo ou nada, onde os políticos cuidam mais dos seus interesses do que dos de todos nós, e novas eleições acontecerão,
mais cedo ou mais tarde, eleições que, por certo e depois de tudo o que se passou, revelarão a vontade de um povo que não terá bom futuro se julgar ser possível harmonizar políticas tão antagónicas como são as de um BE oportunista, de um PCP leninista e de um PS indefinido.
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