Por
diversas vezes me insurgi já contra a “alternância democrática”, aquela que
levada à letra, como acontece entre nós, significa “agora é a minha vez”, a
qual se poderá ter adaptado bem às brincadeiras levianas do passado mas que
jamais poderá ser o modo de resolver os grandes e sérios problemas de futuro
que estão cada vez mais próximos.
O
mundo deixou de ser como nos parecia que fosse, aquela arca inesgotável de onde
tudo saía sem ser necessário enche-la de novo.
O
conhecimento científico que agora percebe melhor a realidade torna evidente o
erro que cometemos ao pensar assim, como os gurus da Wall Street e da City
tanto gostam de fazer, o que, apesar disso, não é bastante para nos fazer olhar
o mundo real em que vivemos e cada vez é menos a utopia que imaginámos.
São
sérios, muito sérios, os problemas que enfrentamos e difíceis, muito difíceis,
as soluções que, para os resolver, possamos adoptar. O que, naturalmente, nunca
faremos com a persistência nos disparates que foram a sua causa.
Criámos
regras e regulamentos para situações que já não existem, arquitectámos ideologias
para realidades que se transformaram profundamente e até temos uma Constituição
com mais de quarenta anos ao longo dos quais as mudanças no entendimento do
mundo foram tantas como jamais o haviam sido em todo o sempre!
E,
mesmo assim, é por ela que nos “governamos”.
Os
resultados destas eleições puseram a nu todas as fragilidades de uma democracia
anquilosada porque se não adaptou aos tempos que se vivem, porque se ficou por
tempos em que as questões eram outras e nunca tão grandes e complexas como as
que agora se nos colocam e não são mais do que consequência das leviandades que
a a “infalível” democracia tem cometido.
Tenho
ouvido, agora mais do que nunca, os disparates ditos pelos que, apesar de
derrotados, sempre encontravam uma razão qualquer para serem vencedores também.
Desta
vez, porém, vai-se mais longe porque não se reclamam pequenas vitórias mas,
imagine-se, a derrota rotunda do que venceu!
Mais
uma originalidade nacional que poderíamos exportar com o mesmo sucesso dos
pasteis de nata!
Pela
primeira vez a maioria dos que votam em função do seu entendimento e não das
fidelidades preconceituosas que os partidos conseguem arregimentar e mesmo,
até, dos confundidos pelas mentiras feitas verdades pelos habilidosos caçadores
de poleiros, conseguiu a vitória inesperada de quem menos prometeu porque não
tinha condições para prometer mais. Foi uma questão de bom senso.
A
coligação PaF foi, por isso, um vencedor sério e indiscutível que os derrotados
agora querem impedir de governar, fazendo crer que o ninho de vespas que a dita
esquerda é de facto, tem um projecto comum de salvação nacional.
Penso
que será desta vez que o PS passa à História como o partido traidor de um povo
que necessita de um entendimento sério e forte se quiser vencer as dificuldades
que enfrenta e, ainda mais, outras que vai enfrentar, porque o recusa!
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