ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A PONTE QUE NÃO É



Estas conversações de António Costa com o PCP e o BE trouxeram-me à ideia uma velha aventura já com mais de 50 anos.
Dirigia-me a uma empresa que produzia aglomerado de madeira lá para o Norte. Já em Matozinhos, parei para perguntar como chegar ao lugar que pretendia. Alguém me explicou que era muito fácil. Deveria seguir em frente. Depois, haveria de passar por duas pontes, uma que é e outra que não é. Logo a seguir à que não é deveria virar à direita e estaria lá!
Depois desta explicação, pedir mais esclarecimentos talvez não fizesse muito sentido e, para além disso, moveu-me a curiosidade de descobrir o que é “uma ponte que não é”. E segui em frente.
Depois de viajar algum tempo, passei por debaixo de um viaduto através do qual o trânsito fluía normalmente e, uns quilómetros mais adiante, por debaixo de um outro quase igual mas sem acessos. Por ele não passava nada, obviamente!
Sem dúvida, era a “ponte que não é”. Virei à direita e...era mesmo!
Perante o que se sabe dos projectos próprios de cada um dos partidos em negociações para “encontrar pontes que os unam”, eu creio que apenas encontrarão a ponte que não é e, por isso, não conduzirá a lado algum.
É isto que, desde, há muito, eu temo que possa acontecer porque não acredito que o conjunto PCP-BE abdique, sem completamente se descaracterizar, de princípios essenciais no seu entendimento do que deve ser a governação portuguesa nem, tampouco, que o PS possa aceitá-los ou abdicar de qualquer coisa também essencial para si e que possa satisfazer, minimamente, as pretensões destes seus parceiros de oportunidade.
São entendimentos incompatíveis de uma realidade que precisa de intervenções esclarecidas e sérias quando outro procedimento qualquer não passará de uma perigosa perda do tempo que já quase não temos para evitar o problema mais sério de voltar a estender a mão à caridade que, tal como o mundo anda, cada vez menos nos pode ajudar.
Falam uns de uma governação patriótica, outros da necessidade de afastar quem “tão mal nos tratou ao longo de quatro anos”, num entendimento tão pateta como seria o de matar o cirurgião que nos amputou um dedo para não morrermos de gangrena!.
Mas eu penso, tenho a certeza de que a questão é outra. Todos anseiam pelo poder. Uns pelo que nunca tiveram e o outro pelo de que necessita urgentemente para não se tornar algo a mais, mesmo sem sentido, na política portuguesa.
O que ninguém está a pensar é neste povo já tão sacrificado que o PS não deve fazer pagar, uma vez mais, as suas loucuras governativas!
Quem sabe se, depois, não viraremos à direita definitivamente, seja lá isso o que for...



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