ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 27 de junho de 2013

MUITO ESPERADO, MUITO ANUNCIADO, MAS UMA DESILUSÃO!


A curiosidade de ouvir o que o Ministro das Finanças tivesse para dizer, dois anos após o pedido de ajuda externa ainda em curso, resultou, para mim, numa profunda desilusão.
Não me interessaram nada aqueles pormenores do que se foi passando naqueles dias em que a bancarrota se aproximava a passos largos, os arrufos entre os intervenientes do “drama” que então se viveu e, menos ainda, como estavam ou estão as relações de amizade entre Teixeira dos Santos e José Sócrates.
Esperava ouvir falar das razões do que sucedeu, dos erros cometidos nas governações que fragilizaram a nossa economia e exauriram os nossos recursos financeiros, das decisões de despesismos tomadas mesmo quando se tornou evidente que a despesa pública excedia largamente o que seria razoável e muitas vozes se levantavam já, alertando para as inevitáveis graves consequências de tal política. Foram meses de alertas que o governo não ouviu, em vez do que preferiu programar mais despesa, do que, num discurso, Sócrates se orgulhou!
Em vez disso e para além da descrição histórica que fez, Teixeira dos Santos fez algumas afirmações que convém analisar.
Afirmou que o famoso PEC4 teria sido a solução que evitaria o pedido de ajuda financeira que, depois de chumbado, se tornou inevitável. Não sei o que lhe consente fazer tal afirmação porque com o PAC4 ou com a intervenção da Troika e apesar das garantias que, disse, Angela Merkl lhe deu, o descalabro global que alimenta esta “crise” não deixaria de acontecer. Eu, pelo contrário, penso que tudo teria corrido como está a correr, tendo em consideração a evolução da “crise” pela Europa e pelo mundo que o PAC4, por certo, não alteraria! Depois, ninguém pode garantir os efeitos do que não aconteceu. Alguém com a formação do Prof. Teixeira dos Santos, não se pode permitir dizer coisas destas que podem gerar conceitos políticos erróneos e perigosos.
Mas o que mais me chocou foi a sua afirmação de que “se governa em função das informações de que se dispõe”! Assim, se soubesse o que sabe hoje, não teria reduzido o IVA nem aumentado os salários da Função Pública!
Em tudo isto eu leio os princípios contrários aos da boa governação que, como qualquer outra administração, se não deve guiar pelas circunstâncias, mas proceder de modo a influenciá-las, não se deve guiar pelas aparências porque deve saber ler, para além delas, as perspectivas de futuro, porque deve ser o futuro o motivo das suas preocupações, em vez das soluções intempestivas impostas pelo que, inesperadamente, aconteça a qualquer momento.
Sem espanto verifiquei que os eventos de crítica que se seguiram não conseguiram, também eles, afastar-se dos mesmos assuntos que a entrevista tratou, da amizade e da fidelidade do ex-ministro das finanças para com Sócrates, sem explorarem os aspectos que o ex-ministro poderia esclarecer para servirem de exemplo para o futuro!
Enfim, foi mais uma entrevista política para intervir no "PREC" em curso.

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