A uma crise sem precedentes que já esgotou todas as receitas e criou graves desavenças entre os seus principais protagonistas, acaba por se juntar o descontentamento publico generalizado que vai assumindo formas cada vez mais graves de manifestação, natural perante tanta demora no surgimento de qualquer solução que alivie a austeridade que já atinge toda a Europa.
Enquanto isso, alguns
foram compreendendo a situação limite a que a economia chegou e corrigiram
procedimentos e modos de vida, em alguns casos com plena satisfação e sucesso,
como disso se tem notícia frequentemente. Em vez de esperarem por um emprego
que dificilmente conseguiriam, muitos fizeram da iniciativa própria a saída
para a “sua” crise. Em suma, tomaram o caminho que a realidade cada vez mais
nos aponta, o de uma forma diferente de viver, começando pela auto-satisfação
de necessidades reais, no regresso a um “small is beautiful” (o pequeno é belo)
que Shumaker, há muito tempo já, defendeu como solução para os problemas que antevia e a realidade
confirmou.
Seria isto que eu
esperaria que os economistas entendessem com a análise dos “limites” da “função”
que já não conseguem resolver, os quais apontam para impossibilidades nas
quais, contudo, insistem. Nem, sequer, entendo a sua desatenção aos problemas
do futuro da própria Humanidade que a Natureza mostra de forma cada vez mais
clara. Preferem colocar a esperança em avanços tecnológicos que não têm
conseguido, sequer, controlar os danos crescentes e quase trágicos já, neste
Ambiente indispensável à vida.
O pior é que as mudanças políticas
que, cada vez mais, se afiguram inevitáveis, não correspondem a propostas de
reconhecimento da necessidade de trilhar caminhos diferentes, mas sim de
promessas de recuperação dos vícios que a esta situação precária nos levaram.
Quando oiço prometer o céu
a quem quase já quase arde no inferno, a maior dúvida que me fica é se tal é
feito por estupidez ou por maldade e sinto pena de não ter já condições para
seguir o caminho dos que compreenderam a situação e a contornam com iniciativas
que os levam a refazer a sua vida, subtraindo-a à ganância dos que continuam a
ver apenas os milhões que, no modo de viver artificial que criaram, lhes entram
nos bolsos.
Não acredito que Portugal
recupere, sequer a médio prazo, o “nível de vida” que, imprudentemente, julgou
poder ter. Por isso não considero “empobrecimento” este decréscimo a que as
circunstâncias nos obrigam, porque é a regulação natural do “nível de vida”
possível nas circunstâncias actuais.
Um sensível abaixamento é
impossível de evitar e o melhor que poderemos fazer é preparar o caminho de
recuperação em novos moldes de uma vida mais humana e mais sadia.
Mas o futuro está à porta
e será ele que, a não muito longo prazo, nos dirá quem tem razão.
Entre os que propõem uma vida "cubana" e o regresso à folia financeira que descambou neste caos, há caminhos razoáveis para uma vida feliz.
Entre os que propõem uma vida "cubana" e o regresso à folia financeira que descambou neste caos, há caminhos razoáveis para uma vida feliz.
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