Não podem restar dúvidas
de que o conceito de greve está pervertido. Aquilo que foi concebido como uma
arma dos trabalhadores para enfrentar a prepotência de patrões exploradores,
forçando-os a preferir negociar aos prejuízos que a greve lhes causaria,
tornou-se num “direito” que é utilizado de um modo indiscriminado, de tal modo
que ouvi, ontem, uma sindicalista dizer que quem manda no país são os
trabalhadores! Esta afirmação coloca na força e não no saber e na inteligência
a capacidade de mandar. Obviamente que sim que a força pode conquistar o poder,
mas não possui a capacidade de gerir um país onde os problemas de cada
sindicato são os seus problemas confinados numa realidade que está longe de ser
a do país. Neste caso, o país está a braços com a ruína financeira que o
excesso de despesa lhe causou e corre, por isso, graves riscos de sobrevivência
que, em meu juízo, se sobrepõem aos que são as queixas dos professores que se
tornaram excessivos para o número de alunos que temos, constituindo uma parte
do problema com que todos nós nos debatemos e, mesmo que dolorosamente, teremos
de resolver. Ou não…
Não posso deixar de
reconhecer que foram gerações de políticos incapazes quem não soube prever os
problemas que vinham a caminho, como o deveriam ter feito. Um disparate que não
pode ser resolvido com outro ainda maior que é manter as condições que
originaram esta situação que se tornou insustentável.
Mas voltando às greves dos
professores, terei de reconhecer não existirem nelas os pressupostos que as legitimariam
como tal, ficando-se pela legitimidade que a Constituição lhes confere quando
concede aos trabalhadores o livre arbítrio para as fazerem ou não, nas
condições que entenderem e quando o desejarem.
Quiseram faze-la no dia da
realização de um exame já calendarizado e não o fizeram por distracção! E condimentam-na
com as greves sucessivas ás avaliações que fazem do modo mais artificioso que
se pode imaginar. Em qualquer caso, os prejudicados são os alunos que,
obviamente, não são parte nas negociações em que os sindicatos dizem que o Governo
não se dispôs a negociar. Ou terá acontecido exactamente o contrário, como cada
vez a todos parece mais claro?
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