A notícia de que alguém “…vai regressar à comissão executiva da Caixa
Geral de Depósitos, de onde saiu há dez anos com uma indemnização de mais de
meio milhão de euros, por indicação do Governo” faz-me acreditar, por
muitas coisas que vi ao longo da minha vida que, ao contrário do que é costume dizer,
não são as moscas que mudam. Sempre as mesmas, vão e vêm, poisando na caca que
mais lhes dê jeito.
Como é possível, no todo
de um país que, embora pequeno, ainda tem cerca de dez milhões de habitantes,
se restrinja a um número tão reduzido o dos únicos que são julgados capazes de
desempenhar certas funções, precisamente as mais lucrativas? Sobretudo naquele
tempo em que, como dizia uma amiga minha “o melhor emprego era mudar de emprego”,
sair e receber uma indemnização era normal fazer isso para aumentar os
rendimentos. Agora as indemnizações são menores e desencorajam a prática ao
comum mortal que, depois, nem teria emprego alternativo. Mas para quem pertence
ao grupo dos “únicos capazes”, ganha elevados salários e não tem qualquer
dificuldade em recomeçar a trabalhar ainda melhor remunerado depois de umas
merecidas férias, saltar daqui para ali continua a ser um bom negócio.
Quando cada vez maior se
torna o fosso entre os salários milionários, os que são parcamente remunerados para
não desequilibrar os orçamentos e, ainda mais, os que nem sequer ganham para
comer, coloca-se a questão do “valor de mercado” que, não há ainda muito tempo,
vi alguém invocar para justificar o salário “pornográfico” que lhe iriam pagar por
mais um tacho que juntou ao seu “trem de cozinha”.
Não viverei o bastante
para ver o que vai acontecer neste mundo em que há gente “cotada na bolsa” como
outra mercadoria qualquer e não sente o menor remorso em amealhar no cofre
tanto que a outros falta para, ao menos, matar a fome! Mas que não irá ser nada
de agradável… penso que não será.
Já vivi muito para ver
caca demais. É natural que deixe para outros a oportunidade de a ver também.
Mas a verdade é que preferia que vissem um mundo mais limpo…
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