Tenho reflectido muito
sobre a atitude de um jovem de nome Edward Snowden que se escapou dos Estados
Unidos para denunciar o programa de vigilância das comunicações de telefone e
Internet por parte da Agência de Segurança Nacional (NSA).
Começo por pensar que tipo
de vigilância fará aquela agência que, quase por certo, é aquela que, nos
Estados Unidos, mal eu coloco um texto no meu blog logo a ele acede. Sempre em
primeiro lugar e tão rápido quanto um foguete. Mas duvido que alguém leia o que
escrevo, assim como o que tantos escrevem sobre os mais diversos assuntos,
públicos ou privados, depois de uma primeira identificação. Obviamente, não me
sinto nada controlado por isso, até porque se escrevo e publico, é porque
desejo que leiam. Além disso, também não exponho a minha vida na internet. Portanto, não será este o aspecto que me preocupa nesta
questão complicada que tem, por um lado, a privacidade das pessoas e, do outro
lado, os elevados riscos a que estão expostas em operações combinadas e
controladas por telefone ou pela internet, como foram as que mataram e
mutilaram muitos milhares de pessoas em Nova Iorque, em Madrid e noutros
lugares, deixando inconsoláveis talvez milhões de pessoas que perderam os seus amigos
e entes queridos.
Pelo que a “agência” diz, deduzo
que o controlo não envolve, pelo menos em princípio e pela quantidade de meios
que seriam necessários, os conteúdos das comunicações mas apenas as suas
origens e destinos, as frequências com que acontecem e outros parâmetros que
possam evidenciar a necessidade de ir mais longe na procura de indícios de
preparação de atentados, dos quais é tanto dever dos Estados defender as
pessoas como a de respeitar a sua privacidade.
É evidente que, a cada instante, as contradições se multiplicam neste mundo cheio de interesses cada vez mais numerosos e estranhos e que dúvidas essenciais se colocarão quanto a este tipo de acções em que se confrontam os valores que protegem e os direitos que desrespeitem.
São coisas típicas destes
tempos que vivemos, problemas que se juntam a tantos outros que nos afectam
também e tornam o futuro da Humanidade cada vez mais incerto. Como típicos são
os aproveitamentos que destas coisas se fazem, num mundo de política que tem
tudo menos de limpa.
O facto de Baltazar Garzon
ter decidido não intervir na defesa dos interesses de Snowden depois de estudar
o dossier é, também, uma informação que não desprezo na avaliação da bondade ou
da maldade de um acto cujo alcance ainda não atingi.
(desta vez leram, pois foi?)
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