Raramente um governo se revela tão pouco hábil como este é para fazer compreender o que faz.
Quase se limita à
persistência com que leva por diante os seus projectos, o que, perante os
sacrifícios que as decisões que toma provocam, transforma num castigo
inaceitável o que necessário seria que fosse compreensão e gerasse força para
lutar contra a adversidade, em vez das manifestações insultuosas que a
desarmonia política provoca.
Esta tem sido a crítica
mais certa que lhe tenho ouvido fazer, mesmo se, em alguns aspectos, também encontre
razões para discordar do que decide.
Foi exageradamente frio em
certas medidas que tomou e nem sempre o seu sentido de justiça foi igual ao meu
e ao de muita gente que, tal como eu, assim o julgou.
Também errou em algumas
oportunidades, como o ministro das finanças já o reconheceu, o que, conforme
outro reparo que frequentemente lhe é feito, denuncia falta de tacto político e
de sensibilidade social. Mas isto é o que acontece quando são as “finanças” e
não os objectivos que, por elas, deviam ser alcançados, quem comanda o
planeamento das acções. A excepcional predominância das finanças faz perder o
sentido da oportunidade de acções administrativas e sociais.
Quando assim acontece, não
é fácil levar por diante um projecto de recuperação que implica a renúncia ao impossível
de suportar, a tudo quanto as possibilidades do país não consintam.
Disso tiram proveito os
que nas carências de muitos encontram o campo fértil para que os seus discursos
de decadência possam ecoar como razões fortes para atacar o Governo, exigir a
sua demissão sem cuidar de alternativas válidas para além de retóricas que não
encontram qualquer suporte na realidade.
E como é natural acontecer
em casos tais, é a gritaria, são os insultos, a agressividade e as palavras de
ordem atordoantes que ocupam o lugar da razão que a procura de soluções exige.
Lamento que pessoas que
deveriam ter mais respeito por si próprias, para além do respeito pela
sociedade que já, alguma vez, lhes manifestou confiança, juntem a sua voz à daqueles que
fazem da bagunça a solução, não para o país mas para os seus interesses
políticos e pessoais.
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