Enquanto uns continuam infrutiferamente
afadigados a tentar recuperar o passado descuidado que acabou nas carências que
hoje sentimos, há quem se preocupe com o futuro que procura decifrar nos mais
diversos sinais que a Natureza, atempadamente, sempre nos dá, aos quais os
interesses de uma economia viciosa não presta a menor atenção. Mas são sinais
preocupantes, cientificamente observados que nos dão conta de problemas que
teremos de enfrentar num futuro já não muito distante. Tamanhas dimensões os
problemas vão atingindo que a questão do futuro é, cada vez mais, saber se
conseguiremos ultrapassá-los.
Tão banal se tornou já
falar do efeito de estufa, das alterações climáticas, da destruição da camada
de ozono, da degradação do meio ambiente, da destruição das florestas húmidas e
outras coisas mais às quais o excessivo crescimento económico não é indiferente
que já nem se presta muita atenção ao que se diga. Afinal, depois de tanto
tempo a falar nas perspectivas de desgraças a que, dizem os preocupados, os
excessos humanos nos condenam, habituamo-nos à ideia ou esperamos que a
tecnologia sempre encontre as soluções de que necessitamos para que não aconteçam
ou não atinjam as dimensões que os mais pessimistas apregoam.
Infelizmente estes
problemas que são os verdadeiros problemas do futuro, são bem diversos daqueles
com que os “gurus” disto e daquilo se preocupam e cujas perspectivas têm prazos
muito distintos. Para os primeiros, o futuro não é o amanhã que o que se faça
hoje influencia, como acontece com as cotações das bolsas que sobem e descem ao
sabor de relatórios que se divulgam ou de acontecimentos políticos mais ou
menos inesperados.
Ao contrário dos
financeiros e dos políticos para quem o depois-de-amanhã fica fora de
perspectiva, os cientistas projectam muito mais longe as suas previsões. Mesmo
assim, se medido numa escala significativa para a Humanidade, é muito curto o
prazo de tempo que os cientistas conseguem alcançar nas suas conjecturas, não
passando de um brevíssimo instante o prazo que as medidas políticas podem
atingir, denunciando uma curteza de visão que não abona a inteligência de que os
seus autores se julgam dotados.
Aos que se preocupem,
verdadeiramente, com o futuro, eu recomendo a leitura atenta deste texto que
Alexandra Prado Coelho escreveu no Público, a partir das declarações de Luc
Gnacadja que veio a Lisboa para um encontro com a ministra Assunção Cristas,
nas vésperas do Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificaçao, que se
celebra a 17 de Junho, o qual começa assim:
São já 168 os países afectados pela degradação dos solos e a desertificação - em Portugal esta atinge 63% do território.
Todos os anos o planeta perde 12 milhões de hectares de terra arável. Luc Gnacadja, secretário executivo da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), gosta de fazer a comparação com o seu país. "É como se a cada ano o Benim fosse retirado do mapa." Mas podemos fazer outras comparações: é como se, anualmente, uma área três vezes o tamanho da Suíça desaparecesse perante os nossos olhos. É um pedaço de terra maior do que o território de Portugal.
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http://www.publico.pt/destaque/jornal/o-mundo-perde-anualmente-solo-aravel-equivalente-a-tres-suicas-26655679
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