Continua
diferente do habitual este mês de Junho . Fazem-no diferente este tempo estranho que não é
Primavera, nem Inverno, nem Verão e mais toda esta agitação que, noutros tempos,
se devia, apenas, às festas populares. Desta vez, mal nos apercebemos delas pela
pouca cobertura mediática que estão a ter. Foi esta desviada para outros temas mais
quentes, onde os notáveis não são o Santo António, o São João ou o São Pedro. São
outros os nomes que andam na baila. São os de quem comanda as greves que
prometem fazer da memória deste ano lectivo um terror para os muitos milhares
de alunos a quem os seus professores proporcionaram uma péssima época de exames
e um ainda pior começo de férias.
Como é habitual, há sempre
umas contagens que dão ás greves aquele jeito de guerra em que uns ganham e
outros perdem, fazendo do número dos que aderiram à greve a medida da “vitória”
alcançada pelos sindicatos que sempre “ganham” por muitos.
Mas nunca, como é sabido,
a soma dos aderentes e dos não aderentes corresponde a 100%. Nunca! É uma
tabuada especial a que usam uns e outros que a aplicam na contagem que façam.
Mas, desta vez, as contas
fazem-se de outra maneira. Por exemplo, na greve a um exame terá sido de 90% a
adesão dos professores, mas de menos de 20% foram os seus efeitos em número de alunos
que não puderam prestar provas. Como se "mede" esta greve? Quem ganhou? Não sei, mas os alunos perderam, com certeza!
Mas se consideramos a
greve às avaliações, já as coisas se passam de outra maneira. A percentagem dos
aderentes é mínima, direi, até, que residual, mas as consequências quanto ao
alcance dos propósitos é de cem por cento! Basta, em cada reunião, um professor
grevista para que a reunião não possa acontecer! E, deste modo, por duas horas
de greve, as avaliações não são feitas. Estas são como aquelas greves que se
fazem nas horas de ponta, em momentos especiais que mais danos causam aos
utentes dos serviços, aqueles que nada podem fazer para as evitar, mas que,
alegremente, as sofrem porque são democráticas!
São raras, quase
inexistentes as greves tradicionais que opõem patrões e funcionários. Mas
tornaram-se demasiadamente frequentes as greves no Estado, com atitudes e
pormenores do tipo a que habitualmente se chama o “tiro no pé” porque são
greves que os sindicatos fazem contra o povo trabalhador que dizem defender,
contra todos nós que teremos de pagar os prejuízos que as greves causarem.
Ouso perguntar onde estará
a lógica da greve que uma “corporação” qualquer entenda fazer e prejudica todos
os demais, à qual se seguirá outra greve de uma outra “corporação” que, por sua
vez, inclui nos afectados os que antes tinham feito greve e assim
sucessivamente, até todos prejudicarem todos? Afinal, acabarão por ser derrotas
para todos, deixando para os líderes sindicalistas as vitórias retumbantes, os
motivos de regozijo a que, quer-me parecer, os prejudicados cada vez menos se
associam!
Mas são vitórias dos líderes, afinal os únicos a quem a greve não afecta senão na
medida em que lhes dê prestígio!
Não me parece que tenham
saído muito prestigiados os professores nas greves que fizeram e continuam a
fazer, como me parece que, aos poucos, começará a acontecer regularmente quando
o povo se der conta do logro em que está a cair, quando todos nos apercebermos
de que há outros modos, bem menos penosos para todos, para se conseguir bem
mais do que as greves agora podem conseguir.
Tal como entre os
políticos, também entre os sindicalistas me parece haver necessidade de um novo
ciclo com novos actores!
Há que repensar o futuro,
substituir esta “cultura democrática” que alguns mais do que nunca agora
invocam e endeusam, quando outros argumentos já não têm para continuar a manter
uma forma de vida que os beneficia mas que a sociedade está cada vez menos
disposta a sustentar.
Mas um dia aparecerá, pela
certa, o tal ingénuo que, por ingenuidade, dirá que o rei vai nu. E, depois, todos verão que vai.
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