Sempre entendi a greve como o direito a recusar trabalhar em condições injustas e, com isso, causar prejuízo a quem comete tal injustiça. Mas entendia mal, com certeza, porque não consigo imaginar a injustiça que terão feito os utentes dos comboios para que, em alturas das chamadas festas de família, tenham de sentir dificuldades em utilizá-los ou, mesmo, tenham de desistir da reunião de família com que sonharam um ano inteiro!
Pois é isso que as greves
agendadas pelas CP e REFER vão provocar, como represália “contra as medidas
inscritas no Orçamento do Estado (OE) para 2014 e as regras da nova lei das
empresas públicas, que entra em vigor no início de Dezembro”.
Diz a notícia pela qual
fiquei a saber destas greves que “As
paralisações vão ocorrer entre 3 de Dezembro e 2 de Janeiro, incidindo sobre o
trabalho extraordinário, em dias de descanso e feriado. Isto significa que a
circulação de comboios sofrerá fortes constrangimentos no dia de Natal e de Ano
Novo, bem como no dia 8 de Dezembro, que será igualmente feriado”.
Não me fica a menor dúvida
de que não serão o Governo ou as administrações de qualquer das empresas os
visados pelas consequências da greve, pois não creio que vão utilizar o combóio
para se juntarem às suas famílias no Natal ou no Ano Novo!
Os prejuízos recairão, por isso, sobre os que, não tendo transporte próprio, se servem dos
transportes públicos para se deslocar, bem como por todos nós que, pelos
impostos, os suportaremos.
Mais do que isso,
sobrecarregarão a utilização das estradas onde o trânsito será mais intenso,
contribuindo para o acréscimo de sinistralidade que, por tal razão, terá lugar.
Quantas vidas se perderão por isso? Quantos custos advirão para os Serviços de
Saúde que tratarão dos feridos? Quantos prejuízos materiais causarão a quem nada fez para lhos causarem? Quanta dor causarão aos que perderem entes
queridos?
Serão, pois, estas greves
justas ou revelarão qualquer sensibilidade social dos que, por se dizerem
defensores dos direitos dos cidadãos, a deveriam ter?
Nem nisto conseguem ser inovadores?
Não encontro razão de ser numa greve como esta.
Não encontro razão de ser numa greve como esta.
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