Muito tenho lido ultimamente sobre esta questão do tabagismo, uma dependência execrável e ridícula de que fui vítima durante muitos anos.
Agora, depois de já
passados bastantes anos sem fumar, por vezes dou comigo a aperceber-me, pela figura
que outros fazem, de como era ridículo andar pendurado de um cigarro, ficar
nervoso por não ter o cigarro que tinha necessidade de fumar naquele
momento ou por não ter algo para o acender.
Mas a recordação mais
dramática que tenho vem de há muitos anos, no aeroporto de Hong-Kong. Quando
esperava, depois do check in, poder fumar, sossegadamente, o meu cigarro,
reparei que era proibido fumar no aeroporto! Havia, lá bem no fundo, um “buraquinho”
onde os viciados se juntavam para acalmar o vício. Um vidro os separava de quem
passava. Fiquei com a sensação de que alguns que ali ficavam a admirar os patetas que se
drogavam, se riam ou sentiam dó do disparate que fazíamos. Senti-me exposto numa gaiola, mas continuei a fumar. Infelizmente. Mas quem sabe se não começou aí o processo que me levou a deixar esta dependência?
Li algures que, apenas em
Portugal morrem, por ano, dez mil pessoas em consequência dos malefícios do
tabaco. Uma quantidade estúpida de gente que decide viver menos ou morrer em nome de um
vício ridículo!
E porque o fumo no ar
afecta, necessariamente, quem esteja por perto, provocando-lhe possíveis graves
danos, acho muito bem que a proibição de fumar, em certas circunstâncias, seja
levada muito a sério e que, cada vez mais, os fumadores tenham de se isolar
para cometer esse acto louco de sem matar aos poucos.
Mais um aspecto me apetece
realçar. Não esse do cadastro que se diz querem fazer dos fumadores ou de
alguns fumadores. Mas que o facto de ser escravo de um vício, tabaco, droga ou
outros, a que muitos chamam doença social, deveria ser uma informação do cartão
de cidadão, para ser tido em consideração nos Serviços de Saúde para regular os
custos dos serviços que lhe sejam prestados, tal como deveriam ser levados em
conta outros actos de que possam resultar custos que, no final, todos pagamos!
Cada um deve ser
responsável pelo mal que a si próprio faça de modo consciente, pois do que faça
aos outros será a Justiça a decidir, pelo que as consequências legais deveriam
ser mais severas. Os causadores de acidentes pessoais, rodoviários, etc…
O Serviço Nacional de
Saúde existe para cuidar da saúde social e não dessas “doenças sociais” que
qualquer democracia pode considerar um direito, mas que agride os direitos dos
demais. Será que a democracia se não importa com estes?
É absolutamente necessário
que a consciência das más acções seja bem nítida e bem definida e que as
consequências de tais actos sejam avaliadas quanto à responsabilidade de quem
os pratica.
Como a responsabilidade
consciente se encaixa nesta cultura estranha de “direitos sem limite”
que não têm em conta os direitos dos outros, eu não sei. Por isso
não sei como resolver tal questão. Mas que é um problema, é!
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