A Irlanda começa a ver-se livre do ferrete da Troika e começamos agora a saber, mais em pormenor, o segredo do seu sucesso.
Como é natural, as dores
dos outros não nos doem a nós que, por isso, quando reclamamos, apenas pensamos
nas nossas. E fartamo-nos de reclamar, num coro de prantos que parece ser
regido por todos os idiotas deste país que ainda não se aperceberam dos males
que em cima lhes iriam cair se, porventura, conseguissem os seus intentos. Ou, então,
percebem muito bem e querem construir um novo reino a partir de um novo caos!
Numa entrevista que ouvi a
um político irlandês, fiquei a saber que, logo no início, todas as forças
políticas irlandesas, numa acto de clara defesa dos interesses da Irlanda, resolveram
colaborar para que o problema criado e que levou a um pedido de resgate, fosse solucionado
rapidamente. E, verdade seja dita, ninguém deu conta de, naquela ilha,
acontecerem as coisas bizarras que acontecem por aqui, os desencontros que aqui
sucedem e, muito menos ainda, a onda de greves que tomou de assalto este país,
onde as do sector dos transportes,
um dos que mais pode afectar a economia em geral e a vida das pessoas, contesta
mais do que trabalha! Até quando? Será esta uma atitude normal ou a forma
de um concerto de várias forças para alcançar um objectivo? Não acredito que esta atitude seja possível sem ajudas concertadas entre diversas forças.
A atitude da Polícia nas
escadarias da Assembleia da República é um sinal inequívoco de que facilmente
as instituições deste país podem ser derrubadas, um sinal simples que deram as forças
que as devem defender. Pior indicador do que este eu não consigo conceber porque são as próprias forças de segurança que ameçam.
Algo de muito preocupante
se passa e acredito que continuará a passar-se, enquanto o desconforto que
uma situação de resgate sempre causa for presa fácil da verborreia demagógica de oportunistas que dele
se servem para provocar uma alteração social semelhante à de uma revolução que
lhes colocará o poder nas mãos. Depois logo se verá mas, como sempre acontece nestas circunstâncias,
depois de tudo escaqueirado e o país em circunstâncias lamentáveis!
O desentendimento entre o
PS e o Governo, traduz-se num confronto em que o bom senso simplesmente
desapareceu e as lutas intestinas no PS e no PSD que não passam despercebidas a
ninguém, Este não é, de todo, o clima adequado à recuperação, mas antes, um
penhor quase certo de mais problemas que todos nós teremos de suportar.
às propostas do Governo contrapõem, o PCP e o BE nada mais do que contestação corriqueira e o PS a recusa de um trabalho conjunto ou propostas que o não são.
às propostas do Governo contrapõem, o PCP e o BE nada mais do que contestação corriqueira e o PS a recusa de um trabalho conjunto ou propostas que o não são.
Alastra a onda de
descontentamento, real e surreal, alimentada pelos que se decidiram a por o
país a ferro e fogo, perante a quase passividade de um Governo que mal se ouve
e se deixa enredar nas malhas da confusão lançada por uns e por outros, sendo
difícil acreditar que possa resistir muito mais aos ataques sérios que lhe são
lançados.
Enfim, uma certeza realça
da comparação que, neste momento, não podemos deixar de fazer entre a Irlanda e
Portugal.
Enquanto,
na Irlanda, sair do resgate foi um desígnio nacional que todos assumiram, com
consciência, em Portugal a frágil situação financeira não passou de uma
oportunidade de confronto entre as várias forças para quem deter o poder é mais
importante do que o país.
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