Dizem as estatísticas que, nos anos setenta, quando aconteceu a Revolução de Abril, Portugal era o país mais jovem da Europa, com uma idade média inferior a 30 anos. Agora, quarenta anos mais tarde, Portugal é um dos países mais envelhecidos do mundo, o sexto na lista global, sendo o número de habitantes de idade superior a 65 anos já maior do que o dos que têm menos de 15 anos!
Por outro lado, diminuiu,
significativamente, a população activa em relação à população total.
É uma alteração
profundíssima que tende a acentuar-se e representa um problema enorme para a
política de solidariedade que se torna, por isso, cada vez mais difícil de
sustentar.
Não pode, obviamente, tal
política apoiar-se nos mesmos princípios que antes se apoiava, como uma
aritmética simples o pode demonstrar.
Mas o que, à primeira
vista, parece ser uma simples questão de números é, bem vistas as coisas, uma
questão social de extrema gravidade que se prende com a estrutura económica do
país porque afecta, profundamente, um dos seus factores mais importantes da
produção indispensável à sobrevivência, o trabalho.
A Reforma do Estado não
pode deixar de levar em conta este factor fundamental que espelha a estrutura da
sociedade à qual a reforma se destina. Mas não encontro nela as preocupações
que o que se passa em Portugal deveria suscitar.
É uma mudança repentina
que está a acontecer e significa, objectivamente, um envelhecimento do país no
sentido mais puro do termo. Como não existe um sistema de segurança social
internacional, é caso para pensar quem estará disposto a sustentar o “velhinho”
à beira da reforma!
A Europa segue de perto
esta tendência que, a não longo prazo, lhe causará sérios problemas que piores
tornarão os nossos.
Em contrapartida, há
muitos países no mundo onde a fertilidade é elevada, sendo muito elevado número
de filhos por casal.
Mas pareceu-me poder
deduzir, do que disse uma senhora que acabo de ouvir num programa a que chamam
o eixo do mal, que o nosso problema e da Europa não é tão grave como parece
porque até equilibra o excesso de outros e, deste modo, contribui para a estabilização
da população mundial que está a tornar escassa a capacidade de suporte deste
nosso mundo saturado.
Talvez por pensarmos assim
não resolvemos problema algum. Antes agravamos os que temos.
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