Uma daquelas reportagens alusivas ao Dia de S Martinho, aquele em que, segundo a tradição, se vai à adega provar o vinho e todos gostamos de comer castanhas, levou-me até a uma zona de Trás-os-Montes, onde a apanha deste fruto estava a acontecer.
Da Bulgária e da Roménia eram,
sobretudo, os que, naquele lugar trabalhavam. Português era apenas o dono que
foi muito claro quanto à necessidade de recorrer a estranhos para conseguir a
mão-de-obra sem a qual os frutos apodreceriam na árvore ou no chão! Mesmo
havendo tanto desemprego em Portugal, há anos que a tinha de procurar no
estrangeiro. Reconheceu que, este ano, já teve alguns contactos para trabalho
mas que, perante as más experiências de outros tempos, prefere continuar a
contratar os que lhe dão mais garantias!
Também em outros domínios
nos quais somos grandes produtores mundiais, como nos olivais, por exemplo,
falta a mão-de-obra no tempo da apanha…
Já antes, em outras peças
que vi, se falava de mão-de-obra estrangeira, até vinda do Vietnam, que, em
Portugal, procura e encontra as suas oportunidades, talvez aquelas que os “doutores”
portugueses desprezam.
Não sei o que dirão a isto
os que sempre se referem à elevadíssima qualificação dos nossos jovens que, sem
trabalho no país, acabam por emigrar e, deste modo, entregam, a outros, o fruto
do nosso investimento em educação. Mal orientada e mal dimensionada diria eu
porque, afinal, formamos em domínios de poucas necessidades locais.
Já imaginaram um país só
de doutores?
Já não se apanhavam as
castanhas, limpavam retretes, recolhia o lixo, engomava a roupa e muitas outras
coisas que não são trabalhos próprios de tão ilustres criaturas! Ou antes, tudo
isso se faria porque de outros lugares, mais terrenos, viria quem faz do
trabalho a forma de ter o rendimento de que carece para viver.
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