ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 3 de novembro de 2013

UMA REVOLUÇÃO OU O QUE?


Os sinais são cada vez mais fortes e fazem-me temer uma enorme convulsão política em tempos que já não tardam, com consequências das quais, se acontecerem, nem será difícil imaginar a gravidade.
Tudo isto porque nos recusamos a admitir uma verdade simples, a de que somos um país desde há muito mal gerido, que somos um povo que criou hábitos de um tipo de vida para o qual não possui meios bastantes e, para além de tudo isto, que não queremos olhar de frente para a realidade dura e proceder em conformidade com ela. Uma realidade que nos fará empobrecer ou, penso que será melhor dizer, nos fará viver com o que formos capazes de produzir com os recursos naturais que tivermos disponíveis e, com as iniciativas com que formos capazes, de mais disponibilizar para os valorizar da melhor forma. Mas tudo isto significa saber que não sei se existe e trabalho para o qual não vejo muita disponibilidade.
Mas se tanta gente enriqueceu sem trabalhar, por que não hão-de os demais pensar que podem fazer o mesmo? Vejo muitos que, de garganta, muito sabem, mas que quanto a fazer, fazem nada! Duvido, até, que para além dos seus cabalísticos “saberes”, imaginem que algo mais exista como, por exemplo, a realidade natural com a qual não contam nas “folhas de excel” em que fazem as suas contas.
Fizemos a Revolução de Abril para acabar com a guerra no Ultramar. Foi esse o propósito e ponto! Tudo o mais foram consequências naturais do derrube de um regime que já caía de podre, tanto enquanto um bando de ditadores de meia tijela dominava um homem já refém da ignorância que o isolamento prolongado provoca, como enquanto impunha a um fraco que fizesse figura de fantoche nas suas mãos.
Não me parece um grande feito derrubar o que mal se tinha em pé, nem creio que devesse ser esse o mais importante propósito de uma inevitável mudança que, se bem conduzida fosse, garantiria uma transição política esclarecida e controlada para a liberdade que confundimos com a permissividade que permitiu todos os excessos e descuidos. Esse, sim, seria o grande feito!
Deixámos que o país fosse assaltado por politiqueiros que se julgavam deuses sabedores de tudo e não garantimos a sanidade da liberdade devolvida ao povo porque a muitos conviria a confusão em que mais facilmente desenvolveriam os seus planos de conquista de poder.
Em vez de nos dizerem que seria a responsabilidade de todos e de cada um de nós o que nos poderia garantir uma vida melhor, impingiram-nos que a democracia, só por si, tinha remédios para todos os males, meios para suportar todas as loucuras, forma de resolver todos os problemas que dela resultassem! Mas uma democracia assim só poderia ser irresponsável, como os efeitos mostram que foi, porque abre caminho ao que cada um queira fazer em vez de levar a que todos façam o que o dever lhes impõe. Afinal, somos uma comunidade nacional ou agrupamentos de corporações que se esforçam por alcançar o que mais convém a cada qual?
Cometemos muitos erros que a alguns não convém que se emendem e outros, quiçá a maioria, sentem pruridos em denunciar e impor que se corrijam.
E assim chegámos a este país onde ninguém se sente feliz. Uns reclamam por aquilo que gostariam de ter sem se esforçar para o ter, outros sentem-se roubados nas “conquistas” que alcançaram em batalhas em que o trabalho e a dedicação não foram as armas da vitória, outros, pelas funções que desempenham, julgam-se dignos da excepção que os liberte do esforço que, apenas sendo de todos sem excepção, poderá conduzir aos resultados que desejamos, além de outros, ainda, para quem a agitação é o meio para alcançar o que de outro modo jamais alcançarão. Sempre os mesmos!
O resultado não poderá ser bom quando as coisas chegam a este ponto. Por isso algo terá de acontecer, fatalmente acontecerá, chamem-lhe o que lhe chamarem, uma revolução, um ponto de ordem, seja o que for.
Depois, tudo será diferente. Uma ditadura ou uma democracia esclarecida?
Uma barafunda como esta é que não poderá continuar a ser. Nem em Portugal, nem na Europa, nem no mundo inteiro!
Mas o tempo o dirá. Eu preferiria que fosse um ponto de ordem bem determinado!

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