Poucas ou nenhumas novidades nos trará esta política que continua a não fazer da realidade das coisas o objecto das suas preocupações nem procura nela as explicações para os múltiplos problemas que enfrenta. Pelo contrário, fixa a sua atenção na pseudo-realidade que criou e insiste em gerir o mundo real segundo as leis que, para o seu mundo irreal, inventou.
Há tanto tempo que é assim
que se esqueceu completamente do mundo real, aquele onde as coisas importantes
para a Humanidade acontecem porque, embora persistindo em viver num mundo de
fantasia, jamais o Homem deixará de ser um Ser da Natureza, em vez do senhor
que dela julgou ser.
Basta reparar nas “novidades
requentadas” que são as grandes notícias do dia a dia, nas quais sempre se fala
da mesma coisa por mais que se tente alterar-lhe o aspecto, prestar atenção aos
problemas que se tenta resolver mas sempre defrontam as mesmas dificuldades
inultrapassáveis todas as vezes que se pensa ter encontrado uma solução, atentar
na crise que deixou de ser um período de correcção dos problemas
económico-financeiros que se vão acumulando entre períodos de sucesso e se tornou
num longo período de problemas não resolvidos que breves momentos de ilusória
esperança não conseguem fazer acabar.
Sucederam-se as propostas
e os falhanços dos sábios que procuraram e julgaram encontrar, em situações do
passado, semelhanças que os inspirassem na solução dos problemas do presente
que, infelizmente, extravasaram já o âmbito do domínio em que estão habituados
a mover-se e apenas no qual as suas teorias têm relativa validade.
Até os Prémios Nobel da
Economia continuam a ser atribuídos a trabalhos que não ultrapassam os limites da
fantasia que a realidade já ultrapassou, continuando a ignorar a fronteira com
o mundo em que se insere, aquele do qual provêm os recursos escassos que têm
alimentado a fogueira em que, segundo as teorias da abundância em que
persistem, excessivamente os queimaram.
Não é, pois, de um problema
de teoria que se trata, mas de uma questão do meio e das condições em que se
aplica.
Está a “economia de
sucesso” que, arduamente, tentamos recuperar, rodeada pelos graves problemas que,
levianamente, criou e, agora, lhe cortam as vias para um novo fôlego de
expansão de que necessitaria para se continuar. Refiro-me às questões,
numerosas e insuperáveis a curto prazo, que tornam o nosso Ambiente cada vez
mais hostil ao modo de vida que adoptámos.
Seria bom que as
levássemos em conta e perdêssemos, de vez, a petulância do que se julga
permanentemente dominador, para assumir, em vez dela, a humildade de admitir a
insignificância que somos perante um poder maior, o da Natureza que nos rege e,
bem ao contrário do que pretendemos, não regemos.
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