Deliberadamente favorável
ao entendimento que evite situações de ruptura, nunca consegui olhar muitas das
greves que se fazem, com simpatia.
Com uma carreira
profissional como trabalhador por conta de outrem, naturalmente sempre desejei
ver os meus direitos respeitados, aqueles que correspondiam ao modo como cumpria
os meus deveres e à qualidade das minhas prestações.
Certo de que a melhor
relação de trabalho se constrói nesta reciprocidade de direitos e de deveres,
jamais fiz um contrato que não fosse até eu ou o meu empregador o desejar. Não
considero, por isso, que, alguma vez, tive um emprego! Por isso nunca fiz parte
de qualquer sindicato para defender os meus interesses que, melhor do que ninguém,
eu conhecia, nem para me manter uma situação de trabalho que eu não merecesse.
Por isso recuso o chavão
de “trabalho com garantias” sem que lhe correspondam a competência e o
cumprimento dos deveres que num contrato de trabalho devem ser considerados.
Também não posso concordar
com a manutenção dos postos de trabalho a todo o custo, mesmo se o trabalho os
não justifique, porque a salvaguarda forçada do posto de trabalho de alguns,
acabará por colocar em risco o trabalho de todos.
Vejo com simpatia o que se
faça em prol dos que, sem culpa sua, são discriminados, porque entendo que, tal
como os demais, deverem ter as suas oportunidades, louvo o que se faça em prol
dos que sofram injustiças ou sejam vítimas de atitudes culposas de patrões sem
escrúpulos ou oportunistas, comungo da revolta dos que se insurgem contra comprovadas
más práticas de gestão que ponham em risco as empresas.
Mas não posso ver com simpatia
esta onda de greves contra os inevitáveis “cortes” que a nossa condição de
falidos não permite evitar, porque os prejuízos que causam outros cortes irão
impor, os quais promoverão outras greves que mais prejuízos vão causar…
Prefiro o bom senso e,
sobretudo, a verdade e a sensatez das razões aduzidas para os procedimentos que se tomam e,
por isso, não sou partidário do livre arbítrio que leva a atitudes que,
manifestamente prejudicam outros, sobretudo quando se não comprove a
inevitabilidade de ser assim, porque os direitos de uns não devem limitar os de
outros, igualmente legítimos.
Ontem, na cobertura que a
comunicação social fez das greves das quais os sindicalistas se ufanavam pela
grande adesão que tiveram, enquanto uma senhora dava conta da sua enorme preocupação,
quase desespero por não poder chegar a tempo ao seu trabalho que não podia
perder pois ficaria sem condições para viver, um grevista justificava a sua
atitude, entre outras coisas, porque já teve dois carros e, agora, só vai poder
ter um!
Sem comentários:
Enviar um comentário