Não estou a pretender ser
brejeiro nesta designação que, contudo, assenta bem em tantas manifestações
políticas que, bem vistas as coisas, disso mesmo não passam.
Estou a referir-me a um
jornalzinho que, após o 25 de Abril se vendia, pelo menos na cidade de Lisboa,
e assim era apregoado “olha a merda da política, compra a merda da política que
a política é uma merda!”.
Por curiosidade, comprei
um ou outro enquanto os houve e, tanto quanto me lembro, nem sempre me pareceram
tão disparate assim certas coisas que dizia.
Foi, até, quase um oráculo
na previsão de muita porcaria que iria acontecer e, como todos nos damos conta,
aconteceu e acontece!
Tenho pena de não ter guardado
melhor os exemplares que comprei que talvez se encontrem num daqueles vários caixotes
onde meti livros e outras coisas que, na vã esperança de um dia os por em
ordem, as mudanças de casa vão acumulando no fundo das arrecadações.
Lembrou-me isto uma
notícia que li sobre declarações que o conhecido jurista e político Lobo Xavier
disse no Funchal, afirmando estar mais
preocupado com "conluios entre instâncias judiciais, jornalistas e
políticos" do que a eventual "ilicitude" de Passos
Coelho como deputado entre 1995 e 1999.
Naturalmente,
aceito a ordem pela qual coloca as suas gravíssimas preocupações, mas não creio
que seja de nos despreocuparmos com o rigor e a legalidade das atitudes que os
nossos governantes, TODOS OS GOVERNANTES, deveriam ser um exemplo de rigor no
cumprimento das obrigações a que todos estamos sujeitos.
Mas
uma condição deve ser colocada, a de não ser arma de arremesso nem fazer moeda
de troca destes segredos bem guardados para serem utilizados nos momentos mais
convenientes.
Lobo
Xavier considera que "os delitos fiscais cometidos por políticos,
seja um primeiro-ministro, seja qualquer outra pessoa, são especialmente
negativos não só por causa do acentuar dessa moralidade fiscal mas, sobretudo,
porque se está num período de ajustamento em que são pedidos muitos sacrifícios
às pessoas", acrescentado que "agora, do meu ponto de vista, há um
aspecto muito negativo nesta questão, nós não podemos deixar de perceber que estas
acusações ou estes rumores sobre eventuais delitos fiscais ligadas a figuras do
PSD acontecem pouco depois de ter havido condenação de figuras do Partido
Socialista".
Já
havia escrito quase isto mesmo, mas dá-me gozo verificar que não estou só nestas
reflexões que faço e mostram, de facto, que se a política não é uma merda, bem a arremeda.
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