Do MPT, o Partido da terra, apenas
conheço aquilo que, em linhas demasiado gerais, é dito no seu lugar da internet,
entre as quais destaco:
- Defesa da Terra e na melhor gestão dos seus
recursos;
- Promoção do bem-estar e da saúde individual e
social;
- Defesa da cultura, da Língua, da História e no
desenvolvimento da educação;
- Afirmação da Lusofonia;
- Reforma do sistema político e no aprofundamento da
participação cívica.
Demasiado vago para interessar os
eleitores a quem, como a realidade mostrou, o futuro pouco interessa para além dos problemas de
momento que um modo de viver errado lhes coloca, assim como quem tudo o que mais
deseja é que lhe garantam uma cana aconchegante mesmo que num palacete prestes
a ruir!
Achei estranho que um mero
palavroso como é Marinho Pinto, daqueles que arrebatam mesmo quando não diz
mais do que lugares comuns, aderisse a um partido que, adivinho, tem por ideal
um futuro que requer um modo de viver diferente, começando pela “defesa da
Terra e na melhor gestão dos seus recursos” que eu creio seria bem substituído
por “defesa da Humanidade pela melhor
gestão dos recursos que a Terra lhe proporciona”.
E, a partir de tantas coisas que
ouvi dizer ao Arquitecto Ribeiro Teles, não me surpreende que Marinho Pinto, depois de servido, vire agora as costas a quem lhe deu condições para entrar na política e ser
eleito para o Parlamento Europeu dizendo que o MPT tem no seu programa coisas
impossíveis de fazer, utópicas porventura e, por isso, vai fundar um novo
partido. Um partido seu, um partido que crescerá em torno da sua personalidade
e não de ideias e de ideais novos, diferentes.
Pelas razões que apontou para a
mudança que faz, para Marinho Pinto os do MPT não passarão uns “líricos” que
nada percebem da vida e até defendem procedimentos que farão do que é habitual
chamar “empobrecimento geral” e da “austeridade” que evite rupturas os meios
para evitar a continuação dos problemas de carências que os “políticos da
abundância” há anos se mostram incapazes de resolver. Complicando-os até, em
vez disso.
E o novo partido será, sem
dúvida, o que vai “pescar” no descontentamento que geram, na incompetência que demonstram
e na falta de vontade política dos “partidos corruptos” que nos têm governado. Uma táctica fácil de aplicar e de resultados imediatos quase garantidos quando o descontentamento é a regra.
E tudo se poderá passar como quando, em 1985, aconteceu com o PRD que facilmente alcançou 45 deputados dos
quais, em pouco tempo, nem um restava porque nada de novo fez para além da
tentativa de entrada de mais alguns num castelo que outros já defendiam com
unhas e dentes, pescando em águas turvas e poluídas nas quais, obviamente, nunca
há peixe!
Não vejo em Marinho Pinto o
político conhecedor nem o homem de Estado que pode levar Portugal pelos
caminhos certos, porque um povo sem outras perspectivas para além da
reconquista de um nível de vida impossível e de exigências de dinheiro que não
há, não se preocupa com a construção de um futuro com mais qualidade que exige tempo, trabalho e contenção. Por isso haverá, sem dúvida, quem dê ouvidos a um
político que faça promessas tentadoras como as que que faz qualquer negócio
falido ao falar nas maravilhas que promete quando reabre com nova gerência.
Costuma ser este o princípio do fim.
É um fenómeno baseado em velhas
técnicas de propaganda. São fogos fátuos que se alimentam dos gases mal cheirosos que a
podridão liberta.
Este novo episódio que se desenha
no horizonte político não passa de mais um equívoco que fará perder tempo
precioso do pouco que resta para tentar sair do atoleiro que António Guterres
previu e no qual, de facto, acabámos por cair.
Não me agradaram as razões de Marinho
Pinto para voltar as costas ao partido que lhe deu condições para ser eleito,
como me não agradou a leviandade com que nele foi acolhido e proclamado, o que revela
oportunismo mútuo que prova que na política nada mudou e confirma o ditado que
diz que “em terra de cegos quem tem
olhos é rei”.
Mesmo que por pouco tempo…
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