ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

OS INVESTIGADORES DA VÍRGULA

Ontem pude ver nos noticiários e hoje leio no “Notícias ao Minuto” que “Depois de garantir que tudo estava a correr com normalidade no que diz respeito à contratação dos professores, Nuno Crato admitiu ontem que houve falhas e pediu desculpas. Mas de que forma pode ser encarada esta nova atitude? Há quem considere que é uma forma mais verdadeira de fazer política. Outros há que consideram que são desculpas para o eleitor ver”.
É uma notícia que me parece que traduziria melhor a verdade se, pelo menos, na última oração substituísse “consideram” por “ dizem”, já que me pareceu um pedido sentido e não uma manobra eleitoralista o que Crato fez na AR, sem deixar de ser, também, o reconhecimento de uma incompetência inadmissível. Por outro lado, os que “consideram” não passam dos maldizentes do costume, pelo que se deve entender que apenas “dizem”.
Digo isto apesar da pouca admiração que tenho pela obra de quem considero não ter jeitinho algum para estas funções nada fáceis que desempenha, mesmo sucedendo a outros que não me pareceram significativamente melhores.
Esta monstruosidade que é o Ministério da Educação há muito que necessita de reformas profundas, a começar nos “bandos” de “inteligentes” que enchem os seus corredores e gabinetes a investigar a vírgula e a fazer ou encomendar manuais, para além de outras coisas que nada simplificam a vida às famílias que jamais deveriam fazer, pela educação dos filhos, os sacrifícios enormes que são obrigados a fazer.
Depois de quatro filhos e onze netos, facilmente me dei conta de como, no domínio da educação, as coisas mudaram e nem sempre me pareceu que para melhor.
Não me lembro, dos meus tempos de estudante, de coisas semelhantes às “trapalhadas” que hoje acontecem e, nem sequer, estou certo de terem muitas das mudanças introduzidas o mérito de tornar a educação melhor, já que me dei conta, quando leccionava no ensino universitário, não trazer a maior parte dos alunos, em matérias diversas, a preparação mínima exigível para ser continuada a um nível superior. E aqui destaco uma muito má preparação em português, o que considero gravíssimo porque a comunicação correcta e clara é indispensável, tanto quando se transmitem conhecimentos como quando se aplicam.
Todos os anos espero (tantos que já nem espero) que estas cenas desagradáveis não aconteçam. Mas acontecem porque em vez de aprenderem com os erros cometidos, os “especialistas” inovadores deste Ministério preferem cometer outros erros em vez de corrigir os que antes haviam feito.
Não será com trabalho assim que o país progride.
Mas o Governo, qualquer governo, parece não querer dar-se conta da monstruosidade que é este ministério, de modo a fazer com ele aquilo que é já mais do que urgente que seja feito.
E para terminar, deixo apenas uma nota sobre um professor que foi colocado a 350 quilómetros da sua residência habitual onde, naturalmente, deixou a família que não vai poder visitar frequentemente a menos que tenha como pagar para ser professor!


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