Evidentemente, não somos
todos iguais. Uns são assim, outros são assado mas há, também, os espertalhões
que se distinguem de todos os demais porque conseguem o que, pensava eu, apenas
Cristo havia conseguido, a multiplicação dos peixes!
Reconheço, todos
reconhecemos, para além da vulgaridade a que a maioria de nós pertence, a
existência de pessoas verdadeiramente extraordinárias pelo mérito da obra que
fizeram. Desde os filósofos que discutiam na Praça de Atenas onde disseram verdades
que ainda hoje o são, ao Infante D Henrique que, desde o Promontório de Sagres viu,
para lá do imenso mar, o muito que ainda haveria para encontrar, até àquela
figurinha quase insignificante de um Einstein que viu, para lá do evidente, o
que muitos anos depois cientistas ainda andam a confirmar!
Não o fizeram pela riqueza
que tal lhes trouxesse e nem sequer pensariam na fama que a História lhes iria reservar.
Procuravam no mais
profundo dos seus espíritos as respostas para os problemas que os inquietavam, para
os quais, melhor ou pior, sempre foram encontrando as respostas de cuja
utilidade a Humanidade tem as provas.
Fala-se hoje de
Aristóteles ou de Platão mais do que então se falava, conhece-se do Infante D
Henrique mais do que no seu tempo se conhecia e de Einstein cada vez se sabe
mais porque, tal como os outros também, não teve a ansiedade do imediato que
hoje traz ansiosos os caçadores das glórias fugazes que almejam.
Um expediente que se usa
para enganar alguém ou fazer um bom negócio ou uma influência que se utiliza
para que algo seja facilmente conseguido, sempre acarreta proveitos que o
trabalho sério e duro nunca conseguiria. É assim neste mundo onde a esperteza e
o oportunismo assentaram arraiais e merecem, aos seus habilidosos utilizadores,
as vantagens que de outro modo nunca alcançariam.
Mas quando se trata de
coisas importantes, daquelas que não estão senão ao alcance dos melhores e dos
mais esforçados, daqueles que dão provas de serem capazes de fazer o que outros
não fazem, não há corrupção que valha porque não é com os meios que a corrupção
utiliza que se alcançam outras metas que não sejam as contas bancárias que dão importância
aos que, pela ausência de outros predicados, nelas a firmam.
É o mundo da subserviência
ao poder económico que molda esta sociedade corrompida em que vivemos e faz
orelhas moucas às palavras sensatas e sábias daqueles que “por obras valerosas”
mais tarde a História recordará. Porque o dinheiro se desvaloriza, os robalos
que matariam a fome a quem precisa de comer apodrecem nas caixas de presentes e
os oportunistas de meia tigela, livres ou condenados, sempre acabarão
esquecidos.
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