ACORDO ORTOGRÁFICO

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sábado, 13 de setembro de 2014

OPORTUNISMO OU IGNORÂNCIA?

Por diversas vezes já abordei a questão da organização territorial do país, na qual incluo a criação de regiões às quais sejam conferidas responsabilidades concretas em questões e áreas diversas de modo a permitir, dentro das condições que a lei nacional defina, que certos problemas próprios sejam resolvidos em função de circunstâncias, de especificidades e de sensibilidades que as decisões centralizadas não podem levar na devida conta. Tudo isto para além da intervenção e do empenhamento das gentes locais na resolução dos seus problemas e no desenvolvimento dos seus próprios territórios como é indispensável que aconteça se o desenvolvimento é o propósito.
São grandes as resistências que o Poder Central tem colocado, desde sempre, na partilha de competências, decerto para que não fujam de suas mãos todas as decisões e, com elas, a manifestação do domínio centralizado que julgam indispensável à unidade do país. Bem pelo contrário, tal não passa da manifestação de fraqueza de quem pensa que, sem um centralismo musculado, não é possível manter unido um país que, ainda que territorialmente pequeno, apresenta uma grande variedade de sensibilidades e de características às quais corresponderão problemas distintos, bem como distintas formas de os abordar e de os resolver no pormenor.
Não se trata de criar autonomias de que resultem arrufos separatistas e “jardinices idiotas” de alguém que se julgue dono, ou mesmo rei, daqui ou dali, tal como se não trataria de criar divisões que nos afastem quando, bem pelo contrário, seria criar laços de maior união entre quem se sentiria igualmente considerado e responsabilizado no desenvolvimento de um país que todos sentiriam seu, não descriminado pelas desigualdades e pelos desequilíbrios territoriais que o centralismo excessivo criou.
Por tudo isto me despertou interesse o discurso de Passos Coelho que diz "Continuamos a viver numa sociedade política e administrativamente demasiado macrocéfala e centralizada. Há aspectos que continuarão a ser sempre melhor desempenhados a nível nacional, mas na verdade, há muitos outros aspectos de políticas públicas importantes que se têm mantido na esfera do poder central e que não acho que se justifica que lá se mantenham", acrescentando que "Não precisamos hoje que os ministros e secretários de Estado tenham de decidir sobre tantas coisas que podem ser decididas de forma mais racional e eficiente bem longe da sua esfera de intervenção".
Passos Coelho discursava em Viseu e referia-se ao poder local para a “descentralização” de funções e de responsabilidades que "nuns casos pelos municípios, noutros pelas comunidades intermunicipais ou eventualmente pelas regiões metropolitanas, que são embriões naturais para novas competências que devem ser partilhadas ao nível multinacional".
Mas é aqui que manifesto todo o meu desacordo quando, em vez de regiões determinadas por critérios de equilíbrio de potencialidades que integrariam os municípios existentes, são preferidas soluções casuísticas que jamais serão as que conduzem aos objectivos de descentralização eficiente que definiu porque não passa de uma forma ardilosa de redefinição de municípios como a que com as Freguesias se fez.
E, assim, como desde há séculos, Portugal continua à espera de ser equilibrado e desenvolvido com a participação do esforço de todos os portugueses, em vez de continuar a ser, na sua maior parte, um Interior que é terra de emigrantes para outras zonas do país ou para outros países onde acabam por florescer as capacidades que o seu não permitiu que despertassem nas terras onde nasceram.


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