ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 23 de setembro de 2014

TÍTULOS DE NOTÍCIAS OU ORIENTADORES DE OPINIÃO?

Quando, no início de uma notícia, leio que “Os ataques aéreos na Síria liderados pelas forças da coligação internacional resultaram na morte de civis, incluindo crianças, de acordo com o avançado pelo Observatório dos Direitos Humanos da Síria”, não posso deixar de ficar com o “dente azêdo” em relação a estes “facínoras” que matam criancinhas. Obviamente!
Mas o corpo da notícia informa que “o Observatório dos Direitos Humanos da Síria adiantou, esta terça-feira, que morreram, pelo menos, 58 pessoas nos bombardeamentos liderados pelos Estados Unidos contra posições dos 'jihadistas' do Estado Islâmico na Síria” para, mais adiante, esclarecer que “50 das vítimas eram combatentes da Frente al-Nosra, o ramo sírio da Al Qaeda e os restantes eram civis, entre os quais duas crianças e uma mulher”.
Não sei como se faz a conta que diga quantas vidas inocentes valem as de cinquenta criminosos, porque ainda não consegui limitar o valor de uma qualquer vida que nenhuma outra pode substituir. Mas, por mais que se queira evitar, sempre lamentaremos a perda de vidas que os profissionais da morte põem em risco.
Que sejam poucas e cada vez menos é o melhor que poderemos desejar.
Não que, neste caso, a morte de crianças me deixe sossegado por serem apenas duas, pois são sempre as vítimas inocentes destas rixas idiotas com que os adultos imitam os jogos de guerra que fazem parte do “progresso” tecnológico que alimenta o PIB, mas são, infelizmente, os danos inevitáveis quando se “brinca” à guerra para o que sempre se arranja qualquer desculpa, por mais disparatada que seja.
Tampouco me deixam indiferente as mortes de adultos civis, homens ou mulheres, como até as mortes dos próprios beligerantes eu lamento, vidas que se perdem por objectivos inúteis como é, neste caso, uma vingança contra quem tenha outras convicções, uma luta com milénios que esta crise financeira e de valores parece reacender, talvez para encobrir outras maleitas.
Pensava eu que o título ou a introdução destacada de uma notícia seria como que um resumo que chamaria a atenção para a sua razão de ser ou até, como tantas vezes acontece, o que esta vida apressada que levamos nos permite ter conhecimento para fazer uma ideia geral do que mais importante aconteceu.
Não são poucas as vezes que títulos ou destaques deturpam o modo como olhamos para as coisas o que não será, obviamente, o propósito da Comunicação Social que informa mas parece ser o daquela que, de modo capcioso, pretende influenciar os juízos que a cada um deve competir fazer em face da informação independente que lhe seja prestada.
Entre duas alternativas coloco a minha dúvida, a de se tratar de mau jornalismo e a de se pretender influenciar a opinião pública, orientando-a no sentido que se pretenda.


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