Quando, no início de uma
notícia, leio que “Os ataques aéreos na Síria liderados pelas forças da
coligação internacional resultaram na morte de civis, incluindo crianças, de
acordo com o avançado pelo Observatório dos Direitos Humanos da Síria”, não posso deixar de ficar com o “dente
azêdo” em relação a estes “facínoras” que matam criancinhas. Obviamente!
Mas
o corpo da notícia informa que “o
Observatório dos Direitos Humanos da Síria adiantou, esta terça-feira, que
morreram, pelo menos, 58 pessoas nos bombardeamentos liderados pelos Estados
Unidos contra posições dos 'jihadistas' do Estado Islâmico na Síria” para,
mais adiante, esclarecer que “50 das
vítimas eram combatentes da Frente al-Nosra, o ramo sírio da Al Qaeda e os
restantes eram civis, entre os quais duas crianças e uma mulher”.
Não
sei como se faz a conta que diga quantas vidas inocentes valem as de cinquenta
criminosos, porque ainda não consegui limitar o valor de uma qualquer vida que
nenhuma outra pode substituir. Mas, por mais que se queira evitar, sempre
lamentaremos a perda de vidas que os profissionais da morte põem em risco.
Que
sejam poucas e cada vez menos é o melhor que poderemos desejar.
Não
que, neste caso, a morte de crianças me deixe sossegado por serem apenas duas,
pois são sempre as vítimas inocentes destas rixas idiotas com que os adultos
imitam os jogos de guerra que fazem parte do “progresso” tecnológico que
alimenta o PIB, mas são, infelizmente, os danos inevitáveis quando se “brinca”
à guerra para o que sempre se arranja qualquer desculpa, por mais disparatada que
seja.
Tampouco
me deixam indiferente as mortes de adultos civis, homens ou mulheres, como até
as mortes dos próprios beligerantes eu lamento, vidas que se perdem por
objectivos inúteis como é, neste caso, uma vingança contra quem tenha outras
convicções, uma luta com milénios que esta crise financeira e de valores parece
reacender, talvez para encobrir outras maleitas.
Pensava
eu que o título ou a introdução destacada de uma notícia seria como que um
resumo que chamaria a atenção para a sua razão de ser ou até, como tantas vezes
acontece, o que esta vida apressada que levamos nos permite ter conhecimento para
fazer uma ideia geral do que mais importante aconteceu.
Não
são poucas as vezes que títulos ou destaques deturpam o modo como olhamos para
as coisas o que não será, obviamente, o propósito da Comunicação Social que
informa mas parece ser o daquela que, de modo capcioso, pretende influenciar os
juízos que a cada um deve competir fazer em face da informação independente que
lhe seja prestada.
Entre
duas alternativas coloco a minha dúvida, a de se tratar de mau jornalismo e a
de se pretender influenciar a opinião pública, orientando-a no sentido que se
pretenda.
Sem comentários:
Enviar um comentário