ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

FAZ BOM TEMPO OU FAZ MAU TEMPO? A MARCHA PELO CLIMA

Em tempos que há muito já lá vão, na curta visão ao seu alcance, o Homem não tinha como prever o tempo que faria senão a muito curto prazo, um dia ou umas horas apenas, o máximo que podia inferir das nuvens que via no horizonte e do modo como se deslocavam.
Depois, medindo a pressão atmosférica, com barómetros, passou a ser possível fazer umas “previsões” muito genéricas que não eram, de todo, garantia de grande coisa.
Passando a dispor de meios que permitiam analisar áreas vastas da atmosfera, foi possível estabelecer cartas de isobáricas que davam a noção da dinâmica atmosférica, com a localização de centros de altas e de baixas pressões, das superfícies frontais associadas e da sua evolução, a partir do que se fazem extrapolações em que se baseiam as previsões meteorológicas.
Apesar desta evolução tecnológica, as previsões eram pouco fiáveis o que levava a que, por graça, aos serviços se chamassem “mentirológicos” e se recomendava levar guarda chuva quando bom tempo fosse anunciado.
Os radares, os satélites e outros meios ainda, para além da experiência baseada na muita informação entretanto recolhida e analisada em redes de observação cada vez mais densas e melhor equipadas, permitiram previsões mais seguras. A meteorologia tornara-se uma ciência fiável e os meteorologistas pessoas de competência reconhecida, em cujas previsões se podia confiar.
As previsões foram-se dilatando no tempo, ainda que aos maiores prazos correspondessem, naturalmente, as menores garantias. Mas as previsões a três dias eram garantidas e apenas muito raramente a realidade não correspondia ao que se previra.
Previsões para cinco ou dez dias passaram a estar disponíveis, com um grau de fiducidade relativamente elevado
Mas, tal como diz o ditado, “não há bem que sempre dure” e nestes tempos que vão correndo, nos quais a “crise” tudo ataca, não poderia a meteorologia ficar de fora. Depois de um Verão que o não pareceu, vamos chegando ao Outono sem saber como fazer quando se trata de vestir mais leve ou mais agasalhado, levar ou não o guarda-chuva mas, sobretudo, saber quando mudará este tempo que se vai mantendo estupidamente chato, com uma mudança que os especialistas vão adiando de Domingo para Domingo!
É certo que, ainda há não muito tempo, este tempo chuvoso seria normal, ainda que com menor intensidade, porque Setembro era o mês primeiro do Ano Hidrológico e, por isso, aquele em que as chuvas começavam, para apenas nos deixarem daí a uns seis meses…
Então por que esta crença de que o bom tempo ainda virá aí, para além do afamado “Verão de S. Martinho” que costuma aparecer nos princípios de Novembro quando se prova o vinho novo e as castanhas “quentes e boas” são a delícia do momento?
Talvez porque não veio no Verão, como devia, e o S. Pedro, a quem a santidade não parece resguardar das insuficiências próprias próprias da sua provecta idade, o terá guardado em algum lugar de que se esqueceu. Mas que há-de vir é uma esperança que todos temos, quem sabe se em vão.
Fui professor de hidrologia e embora as coisas se passem, basicamente, do modo como as ensinava, a verdade é que quanto a estatísticas de frequências e de intensidades com que os fenómenos acontecem, as coisas estão muito mudadas, daí que as previsões se tornem quase impossíveis porque a “chuvada” dos cem anos parece ter agora uma frequência anual…
São as mudanças climáticas que os nossos descuidos ambientais aceleraram e tornaram bruscas, a tal ponto que me não atrevo a dizer como será daqui a uns meses.
É um fenómeno tão evidente que começa a preocupar muita gente que se manifesta para exigir dos políticos atitudes que nos resguardem dos efeitos de uma economia apressada e descuidada que cada vez mais nos parece conduzir à pobreza.
Será que algum político se apercebeu da MARCHA PELO CLIMA que ontem irmanou milhares de cidades e muitos milhões de pessoas em todo o mundo?
Duvido!


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