ACORDO ORTOGRÁFICO

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sábado, 20 de setembro de 2014

MOMENTO CRÍTICO PARA A HUMANIDADE, MARCHA GLOBAL PELO CLIMA

A notícia é que “mais de duas mil cidades de todo o mundo, quase 30 em Portugal, juntam-se, no domingo, à Marcha Global pelo Clima, iniciativa que partiu dos EUA, para alertar contra a falta de mudanças para enfrentar as alterações climáticas”.
De espantar seria que os fenómenos climatéricos extremos que acontecem por todo o lado, com tanta imprevisibilidade e violência que causam estragos impossíveis de avaliar e roubam milhares de vidas humanas sem condições para deles se protegerem, não preocupassem as pessoas que têm a noção de que se poderão tornar ainda mais violentos pela libertação continuada de gases com efeito de estufa, pela persistência na destruição das enormes extensões de florestas tropicais e pela poluição extensa dos oceanos, além de outras diversas atitudes com que um modo de viver levianamente consumista contribui para acelerar muito este fenómeno natural de mudança que acontece desde que a Terra se formou há mais de 4.500 milhões de anos.
São manifestações que uma preocupação enorme impõe para alertar contra a falta de mudanças para enfrentar as alterações climáticas, mas que, infelizmente, me parecem pouco ou nada esclarecidas sobre quais são as “mudanças” que podem desacelerar um fenómeno que, ainda que impossível de travar na sua componente natural, pode ser a causa de enormíssimos problemas que privarão a Humanidade de mais um longo período de sossego ambiental como o que os últimos séculos nos habituaram.
Apesar de se poderem contar por milhões as pessoas que, no próximo Domingo, se vão manifestar em mais de duas mil cidades em todo o mundo, pedindo medidas de contenção que evitem que as mudanças climáticas se intensifiquem, muitos mais milhões se manifestam a cada instante e, sem preocupações semelhantes, exigem o fim da crise e o regresso ao crescimento económico que lhes permitirá manter ou recuperar os níveis de vida elevados de que já desfrutaram, ao mesmo tempo que mais milhões ainda de seres humanos reclamam a côdea de pão que lhes engane momentaneamente a fome ou o pingo de água, turva e poluída até, que lhes alivie a sede intensa de que sofrem continuadamente.
Como será possível, num mundo dividido por necessidades e perspectivas de vida tão dispares, alcançar o consenso indispensável para evitar os desastres que se aproximam, dos quais apenas ainda muito poucos começam a ter noção?
Como poderá a Humanidade unir-se do modo que a prevenção do futuro inegavelmente o exige se, quanto a ele, são tão distintas as ambições, desde as dos que não querem abdicar dos elevados níveis de vida que alcançaram aos que se julgam com o direito de os alcançar também, para além da maioria que jamais soube o que tal seja e se limita a tentar sobreviver ou tenta escapar do inferno onde não consegue viver?
A Terra está a mudar aceleradamente; o Homem está a conseguir em pouco tempo o que a Natureza levaria milhões de anos a fazer; a Humanidade envolve-se em querelas variadas que, mais depressa do que poderá esperar-se, tendem a gerar o conflito global que a fará regressar a tempos já muito distantes, depois de um cataclismo que fará parte dos fenómenos naturais de reequilíbrio, neste caso dos desequilíbrios que o Homem Inteligente criou.
Tudo isto porque a Humanidade não tem consciência dos perigos que corre e, por isso, não é capaz de criar a vontade que vença o seu desejo incontrolável de ter mais em vez de ter melhor. O desejo de se auto-destruir!


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