A
notícia é que “mais de duas mil
cidades de todo o mundo, quase 30 em Portugal, juntam-se, no domingo, à Marcha
Global pelo Clima, iniciativa que partiu dos EUA, para alertar contra a falta
de mudanças para enfrentar as alterações climáticas”.
De
espantar seria que os fenómenos climatéricos extremos que acontecem por todo o
lado, com tanta imprevisibilidade e violência que causam estragos impossíveis
de avaliar e roubam milhares de vidas humanas sem condições para deles se
protegerem, não preocupassem as pessoas que têm a noção de que se poderão
tornar ainda mais violentos pela libertação continuada de gases com efeito de
estufa, pela persistência na destruição das enormes extensões de florestas
tropicais e pela poluição extensa dos oceanos, além de outras diversas atitudes
com que um modo de viver levianamente consumista contribui para acelerar muito este
fenómeno natural de mudança que acontece desde que a Terra se formou há mais de
4.500 milhões de anos.
São
manifestações que uma preocupação enorme impõe para alertar contra a falta de mudanças para enfrentar as alterações
climáticas, mas que, infelizmente, me parecem pouco ou nada esclarecidas
sobre quais são as “mudanças” que podem desacelerar um fenómeno que, ainda que
impossível de travar na sua componente natural, pode ser a causa de
enormíssimos problemas que privarão a Humanidade de mais um longo período de
sossego ambiental como o que os últimos séculos nos habituaram.
Apesar
de se poderem contar por milhões as pessoas que, no próximo Domingo, se vão
manifestar em mais de duas mil cidades em todo o mundo, pedindo medidas de
contenção que evitem que as mudanças climáticas se intensifiquem, muitos mais milhões
se manifestam a cada instante e, sem preocupações semelhantes, exigem o fim da
crise e o regresso ao crescimento económico que lhes permitirá manter ou recuperar
os níveis de vida elevados de que já desfrutaram, ao mesmo tempo que mais milhões
ainda de seres humanos reclamam a côdea de pão que lhes engane momentaneamente a
fome ou o pingo de água, turva e poluída até, que lhes alivie a sede intensa de
que sofrem continuadamente.
Como
será possível, num mundo dividido por necessidades e perspectivas de vida tão dispares,
alcançar o consenso indispensável para evitar os desastres que se aproximam,
dos quais apenas ainda muito poucos começam a ter noção?
Como
poderá a Humanidade unir-se do modo que a prevenção do futuro inegavelmente o
exige se, quanto a ele, são tão distintas as ambições, desde as dos que não
querem abdicar dos elevados níveis de vida que alcançaram aos que se julgam com
o direito de os alcançar também, para além da maioria que jamais soube o que tal
seja e se limita a tentar sobreviver ou tenta escapar do inferno onde não consegue viver?
A
Terra está a mudar aceleradamente; o Homem está a conseguir em pouco tempo o que a Natureza levaria milhões de anos a fazer; a Humanidade envolve-se em querelas variadas
que, mais depressa do que poderá esperar-se, tendem a gerar o conflito global
que a fará regressar a tempos já muito distantes, depois de um cataclismo que
fará parte dos fenómenos naturais de reequilíbrio, neste caso dos
desequilíbrios que o Homem Inteligente criou.
Tudo
isto porque a Humanidade não tem consciência dos perigos que corre e, por isso, não é capaz
de criar a vontade que vença o seu desejo incontrolável de ter mais em vez de
ter melhor. O desejo de se auto-destruir!
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