Mais de dois mil anos separam
dois personagens, o bíblico José do Egipto e o histórico Keynes, um afastamento
que, porém, me não parece tão grande como o das ideias que representam.
José foi o intérprete de
sonhos que avisou o Faraó do tempo de “vacas magras” que se avizinhava e lhe
recomendou para não gastar demais, que fizesse reservas oportunas que evitassem
a fome do povo até, de novo, voltarem as “vacas gordas”.
Keynes, pelo contrário,
aconselharia o Faraó a gastar as suas reservas de alimento para engordar as
vacas que, doentes, jamais engordariam. A fome seria a consequência de uma
atitude que qualquer vulgar sensatez condenaria.
No tempo de José cada país
não tinha mais do que, pelo seu esforço, conseguisse, sem vizinhos dispostos a suprir
as suas faltas. A arte de governar era, então, a boa gestão do que houvesse,
sem “mercados” que comprassem as dívidas que fizessem. Era a arte de manter,
sem grandes percalços, o nível de vida que as condições naturais permitiam,
apesar das variações que pudessem acontecer e, como é próprio da Natureza,
acontecessem certamente. Era, afinal, a arte de manter os pés no chão!
Ao contrário, Keynes prefere
gastar o que não tem para manter dinâmica a economia que atingiu o seu limite,
substituindo por dívida a incapacidade de produzir que, realmente, tem. A
consequência é, obviamente, a acumulação de dívida com todos os encargos que
dela resultam e a sua hipoteca aos “mercados” que, ao contrário dos países, não
têm dívidas mas proveitos! É a arte de fazer de conta que se tem aquilo que se
não tem e nos leva a viver das dívidas que contraímos e das quais jamais nos
livraremos. É a arte de viver sobre a ilusão.
Até que um dia se atinge o
ponto de não ser possível contrair dívida que se não pode pagar, porque tudo o
que se produza não vai ser bastante. Então, não adiantará baixar as taxas de juros, injectar moeda no mercado porque lhe não
corresponderá qualquer contrapartida no valor do que se possa produzir, pelo
que o dinheiro se desvalorizará sucessivamente até nada valer.
São os "mercados" a grande
diferença entre Keynes e José. Os mercados que ganham, jogando, o que os países
produzem com o duro esforço do trabalho da sua gente. Até um dia…
Foi a reflexão que me
mereceu a notícia da crítica do “patrão do banco central alemão” à política do
BCE que, quanto a ele, “confunde o termómetro com a doença”, como quem diz que baixa temporariamente a febre mas não cura o mal que é o despesismo que o keynesianismo recomenda!
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